Pessoas como centro das decisões: algoritmos nunca serão capazes de superar capacidades de criatividade, empatia e análise inerente aos seres humanos. (Microsoft/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 27 de março de 2024 às 17h00.
Última atualização em 9 de abril de 2024 às 16h19.
A inteligência artificial já tem transformado as relações humanas, mas seu verdadeiro potencial ainda está para ser revelado. A IA de hoje se equipara ao surgimento da internet comercial nos anos 1990, quando o mundo notou a capacidade transformadora da tecnologia e sua real dimensão do impacto só foi sentida anos depois.
O cenário atual traz otimismo e, ao mesmo tempo, incertezas. Na esteira da evolução da tecnologia, têm surgido discussões sobre ética e boas práticas no desenvolvimento da inteligência artificial, para que o seu direcionamento seja positivo para a humanidade.
Com essas questões em mente, a Microsoft desenvolveu suas políticas de IA com foco em responsabilidade e é guiada por um conjunto de princípios que ajudam a desenvolver e implementar esta poderosa tecnologia de forma a maximizar os benefícios. O avanço da IA segura, protegida e confiável requer uma combinação de abordagens, incluindo compromissos de líderes da indústria, políticas e governança global. .
“A revolução da IA está apenas começando. É o momento de construirmos uma abordagem ética e responsável, com uma governança pública moderna e eficiente, para que as pessoas e as empresas possam aproveitar da melhor forma as oportunidades”, afirma Elias Abdala Neto, vice-presidente de assuntos jurídicos e corporativos da Microsoft Brasil.
Na visão da empresa, a IA deve ter as pessoas como centro das decisões relacionadas à tecnologia, com o entendimento de que algoritmos nunca serão capazes de superar capacidades de criatividade, empatia e análise inerente aos seres humanos. Um exemplo é o Copilot, assistente de IA generativa que busca apoiar o usuário em suas tarefas cotidianas para que ele seja mais produtivo e ganhe qualidade de vida.
A Microsoft iniciou sua trajetória em defesa do uso responsável de inteligência artificial ainda em 2016, enxergando o seu potencial como ferramenta transformadora, mas cujo bom aproveitamento depende de uma série de medidas para ter impacto positivo.
No ano seguinte, a empresa criou um comitê dedicado a analisar casos sensíveis para buscar garantir que a tecnologia fosse aplicada da forma correta.
Em entrevista à Exame, o vice-presidente de assuntos jurídicos e corporativos da Microsoft Brasil, Elias Abdala Neto, diz que o desenvolvimento da tecnologia pela empresa segue princípios como privacidade e segurança, inclusão, transparência e responsabilidade.
"Nós precisamos ter responsabilidade pela tecnologia que estamos ajudando a desenvolver e disponibilizar. Esses princípios, inclusive, são vistos em diversos códigos de conduta e fóruns internacionais, sendo que estamos em um momento bastante interessante da discussão da governança da inteligência artificial no sentido de buscar um alinhamento para o tema", afirma.
O executivo explica que cada um desses princípios se desdobra em padrões desenvolvidos para buscar sua eficácia na prática, o que inclui ações como relatórios de análise de impacto, políticas, treinamentos e mecanismos de governança.
Em 2022, a empresa lançou o Padrão de IA Responsável, consolidado após anos de evolução de iniciativas de boas práticas com a tecnologia.
O documento fornece orientações sobre como construir sistemas de IA de maneira responsável cotidianamente, não só pela Microsoft, mas também pelos desenvolvedores que utilizam as soluções da companhia para criação de aplicações de inteligência artificial.
Adicionalmente, o programa de revisão de Usos Sensíveis foi criado para analisar e mitigar potenciais riscos. Dessa forma, a equipe é alertada e toma as devidas ações quando uma aplicação pode:
Um dos métodos adotados pela empresa para identificar questões referentes ao uso da IA foi uma prática comum em cibersegurança, conhecida como blue team e red team. Ao simular uma batalha cibernética, as equipes têm, respectivamente, a missão de proteger e atacar um sistema dentro de um ambiente controlado, a fim de encontrar e solucionar eventuais brechas.
Adaptada ao cenário de inteligência artificial, a abordagem envolve identificar situações em que a IA não se comporte da maneira que deveria.
“Temos um time que busca ‘atacar’ as soluções de inteligência artificial para buscar efeitos adversos ou inesperados, ou um comportamento da tecnologia que não deveria acontecer. A preocupação não é só com a segurança cibernética, mas também com as respostas no sentido de inclusão e não-discriminação. A equipe procura um resultado que não cumpra esses princípios para entender se há alguma vulnerabilidade para poder corrigi-la”, explica Abdala.
Essa visão também passa por fazer com que mais pessoas sejam capazes de entender sobre inteligência artificial. Por isso, a Microsoft conta com diversas iniciativas de capacitação e recapacitação profissional com cursos gratuitos oferecidos na plataforma Conecta+, um hub que reúne todos os treinamentos oferecidos pela empresa e em parceria com setores privado e público, abrangendo desde os conceitos básicos até o material avançado.
A empresa aponta que cerca de 2,8 milhões de pessoas já completaram ao menos um curso na plataforma desde outubro de 2020.
Na visão da Microsoft, o Brasil tem uma oportunidade de assumir protagonismo nas discussões e adoção da inteligência artificial. Em meio às conversas sobre a definição de regras para o funcionamento da tecnologia, o país tem posição de liderança no G20 e a chance de buscar maior alinhamento internacional no grupo que representa uma parcela representativa da população e da economia globais.
Debates sobre governança em IA, como os que já estão em pleno andamento no país, com a discussão de uma legislação específica sobre o tema, serão importantes para determinar as regulamentações e rumos locais para as aplicações.
No entanto, diretrizes internacionais devem servir como soluções intermediárias para criar um conjunto de princípios compartilhados.
Representando uma diversidade grande de povos e culturas, o G20 é o cenário ideal para que o Brasil busque ser um ator importante nestas conversas e seja vetor de transformação pela IA responsável, capaz de causar um impacto social positivo no planeta, com a chance de fomentar o desenvolvimento de aplicações para gerar mais desenvolvimento econômico e social.
“A inteligência artificial é o tipo de tecnologia que tem o potencial de criar um efeito positivo em cascata no sentido de gerar conhecimento, e nós vimos isso em diversos setores da economia”, completa o vice-presidente de assuntos jurídicos e corporativos da Microsoft Brasil.