Redação Exame
Publicado em 5 de junho de 2023 às 10h59.
Última atualização em 5 de junho de 2023 às 11h18.
O "inverno" no mercado de venture capital fez com que os investimentos em startups caíssem no mundo todo. No Brasil, apesar de o número de rodadas ter registrado aumento em torno de 10% no primeiro trimestre, os valores desembolsados retraíram em cerca de 30%.
Segundo os dados do relatório Venture Pulse Q1 2023, da consultoria KPMG, os investimentos saíram de um patamar de US$ 240,7 milhões no último trimestre de 2022 para US$ 163,9 milhões.
“Uma tendência, não apenas no Brasil, mas globalmente, é que os investidores estão neste momento avaliando melhor cada oportunidade e procurando rentabilidade, em vez de crescimento elevado. As avaliações estão mais realistas e os aportes mais baixos", afirma Rodrigo Guedes, sócio-líder de Equity Capital Markets Advisory da KPMG no Brasil.
A dificuldade para captação de recursos também foi percebida pelos fundos. De acordo com a consultoria, os VCs tiveram entradas de capital 20% menores na comparação anual entre 2021 e 2021, de US$ 797 milhões para US$ 639 milhões. Além disso, o número de fundos que obtiveram recursos caiu de 13 para 7, redução de 46%.
Essa realidade mais dura pode ser sentida globalmente na indústria de venture capital, que registrou o trimestre mais fraco em captação desde o segundo tri de 2017. O valor ficou em US$ 57,3 bilhões.
Para efeito de comparação, três meses antes, no fim de 2022, mercado tinha atingido US$ 86 bilhões e, no primeiro trimestre de 2022, US$ 177,6 bilhões. Ou seja, o valor do início de 2023 representa retração de 67,7% em relação ao começo do ano passado.
Apesar dos desafios, há alguns setores que estão melhor posicionados, de acordo com o estudo da KPMG. Os investidores têm observado oportunidades em soluções que estão no centro das conversas sobre o futuro.
Por outro lado, negócios relacionados aos setores de varejo e consumo devem continuar atraindo menos investimentos.
Frente ao cenário, Daniel Malandrin, sócio-líder de Venture Capital e Corporate Ventures da KPMG no Brasil, acredita que startups em processo de captação ainda terão que lidar com uma realidade mais difícil para atrair recursos ao longo dos próximos meses, especialmente aquelas em rodadas mais maduras, também conhecidas como "late stage".
"Uma das razões é a dificuldade de negociar valuation com novos investidores. Enquanto fundadores e atuais investidores gostariam de manter valuation da última rodada, novos investidores têm dificuldade de aceitar tal condição e têm demonstrado maior preocupação com rentabilidade que nos anos anteriores", diz.