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Valor da Cesp pode subir R$ 7,5 por ação com decreto federal

Decreto permite que vencedores de leilões de privatização de empresas de energia municipais, estaduais ou federais renovem suas concessões por 30 anos

Cesp opera três hidrelétricas em São Paulo que somam 1,65 gigawatts em capacidade instalada (Marcos Issa/Bloomberg)

Cesp opera três hidrelétricas em São Paulo que somam 1,65 gigawatts em capacidade instalada (Marcos Issa/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 29 de janeiro de 2018 às 11h54.

São Paulo - O valor da elétrica Cesp, que o governo paulista pretende privatizar neste ano, deve subir significativamente após um decreto federal que abre margem para uma renovação posterior das concessões de hidrelétricas da empresa, disseram analistas do Itaú BBA em relatório publicado na noite de domingo.

"A medida provavelmente vai encorajar o governo do Estado de São Paulo a tentar privatizar a companhia de novo --nós estimamos que a renovação vai adicionar até cerca de 7,5 reais por ação ao valor da Cesp", escreveu o time de analistas liderado por Pedro Manfredini.

O decreto do governo federal, publicado na última sexta-feira, permite que vencedores de leilões de privatização de empresas geradoras de energia municipais, estaduais ou federais renovem suas concessões por 30 anos.

O governo de São Paulo chegou a agendar um leilão de venda de sua fatia controladora na Cesp para setembro do ano passado, a um preço de 16,80 reais por ação, mas na época houve falta de interesse de investidores devido ao pouco prazo para explorar os ativos da companhia, cujas concessões vencem entre 2020 e 2028.

A Cesp opera três hidrelétricas em São Paulo que somam 1,65 gigawatts em capacidade instalada.

O texto do governo condiciona a renovação dos contratos ao pagamento de um bônus ao Tesouro, que o Itaú BBA estimou em 2,5 bilhões de reais.

Os analistas do banco disseram esperar que o governo paulista mantenha o preço de 16,80 reais por ação ordinária da Cesp quando retomar o processo de privatização, mas como o desembolso total ainda precisará levar em conta esse bônus à União o preço mínimo pela companhia deve alcançar 24,30 reais por papel.

Além da renovação dos contratos da Cesp, uma melhoria no cenário de chuvas no Brasil neste ano também deve favorecer o leilão de privatização, uma vez que a empresa opera somente hidrelétricas e vem sofrendo com uma menor produção em suas usinas devido ao nível baixo dos reservatórios hídricos no país.

"Nós reconhecemos que o preço agora parece levemente mais atraente, devido às expectativas de que a companhia vá se beneficiar de uma melhor perspectiva hidrológica para 2018", afirmaram os analistas do Itaú BBA.

Eles também escreveram que com o pagamento do bônus ao governo na privatização, é pouco provável que a renovação dos contratos gere valor para os acionistas minoritários da Cesp.

O decreto do governo federal definiu que uma eventual arrecadação maior com o leilão da Cesp devido à perspectiva de renovação das concessões deverá ser compartilhada com a União.

"Qualquer prêmio pago sobre o preço inicial será dividido entre Cesp e o governo federal. Por exemplo, se o lance vencedor chegar a 30 reais por ação, representando um ágio de 23 por cento sobre o preço mínimo, 20,7 reais por ação iriam para a Cesp e 9,30 reais para o governo federal", exemplificou o relatório.

O Itaú BBA colocou um preço-alvo de 17 reais para a Cesp ao final de 2018, contra 15,22 reais atualmente.

As ações da Cesp garantem aos minoritários direito de tag-along, o que significa que após a privatização eles poderão vender seus papéis na companhia ao novo controlador pelo mesmo preço do leilão de desestatização --sem contar o valor representado pelo bônus de outorga.

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