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Vale vê cena favorável para 2017 após 4º lucro trimestral seguido

Companhia informou nesta quinta-feira que teve lucro líquido de 1,573 bilhão de reais nos últimos três meses de 2016

Principais executivos da Vale afirmaram hoje durante conferência para analistas e investidores que hoje o panorama da empresa é outro (.)

Principais executivos da Vale afirmaram hoje durante conferência para analistas e investidores que hoje o panorama da empresa é outro (.)

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Reuters

Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 12h46.

São Paulo / Rio de Janeiro - A mineradora Vale avaliou nesta quinta-feira que o cenário para 2017 é favorável, considerando a demanda por aço maior na China e um crescimento menor na oferta de minério de ferro no mundo, após anunciar seu quarto lucro trimestral consecutivo.

A Vale informou nesta quinta-feira que teve lucro líquido de 1,573 bilhão de reais nos últimos três meses de 2016, com o impulso da recuperação dos preços --que deve se manter em 2017-- e do avanço da produção de minério de ferro.

No quarto trimestre de 2015, a maior produtora global de minério de ferro havia tido um prejuízo líquido de 33,156 bilhões de reais, pior resultado desde pelo menos a privatização da empresa, em 1997, com suas contas afetadas pelos baixos preços das commodities, que levaram a enormes baixas contábeis.

Mas o panorama é outro agora, disseram os principais executivos da Vale durante conferência para analistas e investidores.

"2017, em suma, vai ser um ano muito forte, a demanda é maior que 2016, a oferta nova que vai entrar é menor do que 2016, e os estoques estão desequilibrados, portanto os preços serão significaticamente maiores do que em 2016", afirmou o diretor-executivo de Ferrosos da empresa, Peter Poppinga.

Segundo ele, os preços do minério de ferro ficarão acima dos 70 dólares por tonelada em 2017, podendo ultrapassar o patamar de 80 dólares na média deste ano.

Nesta quarta-feira, o minério de ferro no mercado à vista da China foi cotado a pouco mais de 90 dólares a tonelada, após passar a maior parte do ano passado entre 50 e 60 dólares, registrando mínima de cerca de 40 dólares em janeiro de 2016.

Uma mensagem "altista" sobre o mercado minério de ferro, comentou em nota aos clientes o Bradesco BBI, ressaltando a fala dos executivos de que a demanda por aço está mais alta na China no início de 2017 e que há nos estoques de minério de ferro mais produtos de baixo teor de ferro.

As ações preferenciais da Vale apresentavam volatilidade durante esta quinta-feira. Às 12h26, operavam em queda de 1,1 por cento, após subirem 1,7 por cento na máxima da sessão.

Resultado sólido

Na moeda norte-americana, o lucro no quarto trimestre atingiu 525 milhões de dólares, abaixo da estimativa média de analistas de lucro de 1,836 bilhão.

Entretanto, o resultado foi bem recebido por analistas de mercado, que classificaram o resultado da empresa como sólido.

"O desempenho da Vale no quarto trimestre foi muito sólido... impulsionado principalmente por uma combinação de uma recuperação dos preços do minério de ferro e outras commodities e volumes maiores de forma geral. Estes dois itens mais do que compensaram uma pequena deterioração dos custos", afirmou o analista do JP Morgan Rodolfo Angele, em relatório a clientes.

A geração de caixa da companhia, medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, subiu para 40,906 bilhões de reais em 2016, alta de 88,2 por cento ante 2015, principalmente em função dos melhores resultados em minerais ferrosos, metais básicos e carvão.

O diretor-financeiro da Vale, Luciano Siani, disse em um vídeo no site da empresa que a Vale fechou o ano com "chave de ouro".

"Nós tivemos a melhor geração de caixa..., de 4,8 bilhões de dólares, desde o quarto trimestre de 2013, tempos em que o preço do minério de ferro era de 135 dólares por tonelada contra 70 dólares no quarto trimestre de 2016", frisou, apontando que o resultado foi graças ao aumento de volumes e redução de custos.

No quarto trimestre, a maior produtora global de minério de ferro teve produção de 92,39 milhões de toneladas, alta de 4,5 por cento ante o mesmo período do ano anterior.

2016

No acumulado de 2016, a Vale teve lucro líquido de 13,3 bilhões de reais, ante um prejuízo líquido de 44,2 bilhões em 2015, com a ajuda de menores baixas contábeis registradas no ano passado, dos maiores preços de venda e do efeito positivo nos resultados financeiros da apreciação do real contra o dólar.

Os "impairments" em ativos e o reconhecimento de contratos onerosos de operações continuadas, ambos sem efeito caixa, totalizaram 3,9 bilhões de reais em 2016, informou a companhia.

A mineradora havia informado na semana passada que produziu um recorde de 348,8 milhões de toneladas de minério de ferro em 2016, alta de 0,9 por cento ante o ano anterior, devido à melhor performance operacional das minas e plantas no norte do país, consideradas mais rentáveis.

Analistas do Bernstein disseram que os resultados foram positivos, observando que a companhia cortou a dívida líquida para 25,08 bilhões de dólares no fim de 2016, ante 25,23 bilhões no mesmo período de 2015.

Para 2017, a Vale destacou ainda que o foco será a desalavancagem da companhia e o fortalecimento de seu balanço com o objetivo de aumentar o retorno aos acionistas.

"Continuamos a gostar da Vale, pois acreditamos que chegamos a um ponto de inflexão para a empresa; a geração de caixa e redução da dívida são a agenda a partir de agora, e acreditamos que os resultados positivos de hoje devem dar mais peso a esse argumento", disse Paul Gait, do Bernstein, em um relatório.

Dividendos

Com o retorno ao lucro anual, a Vale informou que seu Conselho de Administração aprovou proposta de pagamento de remuneração aos acionistas no valor bruto de 4,67 bilhões de reais, em 28 de abril.

A proposta passará ainda pelo crivo de uma Assembleia Geral Ordinária de Acionistas.

Somando-se à primeira parcela distribuída em 16 de dezembro, no valor de 857 milhões de reais, caso o novo pagamento seja aprovado, a Vale distribuirá o montante bruto de 5,5 bilhões aos seus acionistas referente ao exercício de 2016.

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