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Vale vai investir 20% menos que o previsto

O presidente da companhia, Murilo Ferreira, admitiu que os investimentos vão somar, no máximo, US$ 19 bilhões

Ferreira é categórico ao descartar corte de produção e ainda garante que a sobra do orçamento de 2012 será gasta já no primeiro trimestre do ano (André Valentim/EXAME.com)

Ferreira é categórico ao descartar corte de produção e ainda garante que a sobra do orçamento de 2012 será gasta já no primeiro trimestre do ano (André Valentim/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2011 às 06h58.

São Paulo - O orçamento recorde de US$ 24 bilhões programado pela Vale para este ano saiu do radar da mineradora. Hoje, o presidente da companhia, Murilo Ferreira, admitiu que os investimentos vão somar, no máximo, US$ 19 bilhões.

Mas, diferentemente do que ocorreu em 2009, quando a Vale cortou investimentos para se ajustar à queda na demanda por insumos, desta vez o executivo atribui a revisão a atrasos no processo de licenciamento ambiental de alguns projetos.

A crise, porém, apesar de não ser responsável pela alteração do cronograma de investimentos, alterou a estratégia comercial do grupo. "O mercado europeu está mais fraco. Já tivemos alguns cancelamentos (de contratos na Europa). Nada muito significativo", revelou o diretor de marketing, vendas e estratégia da Vale, José Carlos Martins.

Para driblar essa retração de demanda, a companhia tem desviado para a China parte das vendas inicialmente programadas para a Europa.

"São dois ou três navios (embarcados com minério de ferro) a mais por mês", contou. Além da Europa, a companhia sentiu um arrefecimento de demanda por minério de ferro também no Brasil. A estratégia de focar mais na China segue o modelo adotado durante a crise de 2009, quando o país asiático chegou a representar cerca de 60% do faturamento da mineradora. Atualmente, a fatia chinesa gira em torno de 35%.

"Essa é destinação natural toda vez que se tem uma queda de mercado nas áreas onde a Vale tem participação grande, como no Brasil e na Europa", explicou Martins. A calibragem na área comercial não tirou o otimismo dos executivos da Vale. Tanto que Ferreira é categórico ao descartar corte de produção e ainda garante que a sobra do orçamento de 2012 será gasta já no primeiro trimestre de 2012.

Apesar da retração na Europa, o executivo pondera que a situação hoje é bem diferente da vivida em 2009, quando a companhia promoveu demissões e reduziu produção no Brasil e no exterior. Tanto que a companhia trabalha com uma recuperação no preço do minério de ferro no curto prazo.

Durante a teleconferência, Ferreira informou que o orçamento da companhia para 2012 será divulgado no dia 28 de novembro, durante o Vale Day, em Nova York. Para agilizar a obtenção de licenças ambientais, processo que vem atrasando os projetos do grupo, a Vale criou um comitê executivo para tratar do assunto. O grupo vai se reunir semanalmente e já elaborou um guia de procedimentos para obtenção dessas licenças.

Além disso, revelou, a mineradora pretende fazer uma análise de risco em 20 projetos considerados mais críticos para a companhia. Segundo ele, o objetivo de passar uma lupa por esses projetos é diminuir as incertezas em torno de prazos ou custos que influenciem no cronograma e orçamento.

Ferreira explicou ainda que a análise de risco deve incluir até uma comparação com os custos de produção de outras concorrentes. Entre os projetos que serão analisados estão projetos como o de Serra Sul, em Carajás, no Pará, Apolo, em Minas Gerais, e também na Indonésia. Além disso, o presidente adiantou que, no próximo ano, a Vale vai alterar a sua metodologia e divulgará os números apenas dos projetos cujas licenças ambientais já foram aprovadas.

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