Negócios

Vale: Nenhum depoimento indica conhecimento prévio de risco em Brumadinho

Para o MP de Minas Gerais, "tragédia poderia ter sido evitada"

Brumadinho (MG) após rompimento de barragem da Vale (Adriano Machado/Reuters)

Brumadinho (MG) após rompimento de barragem da Vale (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de março de 2019 às 21h18.

São Paulo - A promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), Paula Ayres Lima, disse hoje que a força tarefa que investiga o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, ocorrido no fim de janeiro, já tem convicção de que a tragédia poderia ter sido evitada.

Em entrevista realizada em Belo Horizonte, na tarde desta segunda-feira, ela afirmou que já há convicção entre os vários órgãos que participam das apurações de que foi um crime doloso, já que havia conhecimento desde 2017 sobre a situação da barragem e nada foi feito.

"Nenhuma providência prática foi tomada. Nem o Plano de Ação Emergencial, que não teria evitado o rompimento, mas teria evitado a catástrofe humana, foi adotado", disse, lembrando que há informações sobre uma tentativa de se resolver o problema, mas que não deu certo e foi abandonada. "Tudo indica que eles teriam que parar a produção e ficou-se sempre buscando uma solução que evitasse parar a operação", completou.

Segundo a promotora, cerca de 18 pessoas estão sendo investigadas, mas a Força-Tarefa não iniciou ainda a tipificação de todos os crimes associados ao rompimento da estrutura. O presidente afastado da companhia, Fábio Schvartsman, também não foi ouvido ainda.

"Essa investigação é um quebra-cabeça de milhões de peças e todas as peças têm se mostrado importantes. Há um conjunto de provas que está permitindo que a gente já faça algumas conclusões", disse, frisando que a tipificação legal pode levar o grupo a apontar crimes contra a fauna, a flora, além das mortes.

Para a promotora, não se pode atribuir a culpa à empresa. "A Vale é uma pessoa jurídica. O que a gente vê é que os funcionários que lidavam ali no dia a dia, principalmente aqueles que tiveram mandado de busca e apreensão, não fizeram nada",completou. "É mais que omissão isso. É uma omissão muito sabida. Eles tinham consciência que existia um risco", disse.

Em posicionamento enviado ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, sobre a entrevista da promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), Paula Ayres Lima, a Vale "reitera que nenhum depoimento de funcionário indica conhecimento prévio de cenário de risco iminente de ruptura da barragem".

De acordo com a empresa, "as questões apontadas nas auditorias vinham sendo atendidas sob a orientação das próprias empresas de auditoria. Depoimentos dos empregados da Vale também refutam qualquer pressão para concessão da declaração de estabilidade da barragem."

Acompanhe tudo sobre:ValeBrumadinho (MG)

Mais de Negócios

Indústria brasileira mais que dobra uso de inteligência artificial em dois anos

MIT revela como empreendedores estão usando IA para acelerar startups

Um dos cientistas de IA mais brilhantes do mundo escolheu abandonar os EUA para viver na China

Investimentos globais em IA devem atingir 1,5 trilhão de dólares em 2025, projeta Gartner