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Vale: não faz sentido precificar minério com base no aço

Ideia foi lançada pela associação que representa as siderúrgicas chinesas

Aço chinês: objetivo da China é transformar sua indústria siderúrgica em formadora, e não tomadora de preços (Getty Images)

Aço chinês: objetivo da China é transformar sua indústria siderúrgica em formadora, e não tomadora de preços (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Dalian, China - Uma ideia lançada pela associação que representa as siderúrgicas da China, de que os preços do minério de ferro deveriam ser definidos com base nos valores do aço, foi descartada pelo nesta quarta-feira por José Carlos Martins, diretor-executivo de metais ferrosos da Vale.

O diretor da maior produtora de minério de ferro do mundo afirmou ainda que a crescimento da demanda por aço na China, maior mercado para o metal do mundo, será retomado no início de 2011.

Na terça-feira, o secretário-geral da Associação de Ferro e Aço da China (CISA), Shan Shnaghua, disse que os preços para o minério de ferro deveriam ser baseados nos valores do aço, considerando o gigantesco setor de aço da China como formador de preço em vez de tomador de preço.

Mas Martins disse não ver necessidade de incorporar os preços de aço na precificação de minério de ferro, já que os dois mercados possuem dinâmicas de oferta e demanda diferentes, na sua opinião.

"Não faz sentido", disse Martins.

As afirmações foram feitas em conferência em Dalian que normalmente marcavam o início das negociações anuais de preços para o minério de ferro, mas o sistema de décadas entrou em colapso no último ano.


A precificação do minério de ferro em bases trimestrais está funcionando de forma satisfatória, disse o diretor da Vale.

"Por enquanto, não vejo necessidade de vender no spot, já que consumidores estão cumprindo seus compromissos com a gente."

Demanda por aço

"Eu vejo a demanda desacelerando por dois ou três meses, depois crescerá novamente. Nós precisamos nos preparar para o crescimento novamente até o final de 2010 ou início de 2011", disse ele a jornalistas, no intervalo de uma conferência em Dalian, que abriga o maior porto da China.

A demanda chinesa por aço aparentemente cedeu nos últimos meses após o governo tomar medidas para refrear o mercado imobiliário e houve sinais de desaceleração da expansão na indústria automotiva da China.

A Baosteel, princiapl siderúrgica chinesa, disse, no entanto, este mês que pode aumentar os preços em outubro, sinalizando um aparente aperto da oferta no mercado.

Isso pode acontecer porque a oferta de aço da China escorregou juntamente com a demanda. Os esforços do governo para atingir a meta de economia de energia por cinco anos, que termina no final de 2010, restringiu siderúrgicas, reduzindo a produção de diversas províncias.

A produção de aço atingiu um pico em maio e desacelerou nos três meses seguintes para 51,6 milhões de toneladas em agosto.


Martins, no entanto, minimizou a influência dessas mudanças.

"O impacto não é tão grande", diz ele. "A demanda por minério de ferro é boa, consumidores estão obtendo seus volumes, nós não vimos impacto nas vendas."

A Vale não suspendeu planos de investimentos por conta da recente desaceleração, completou ele.

"Estamos indo a todo vapor desde o último ano."
A China é o maior mercado para minério de ferro, e a Vale é o maior fornecedor, seguida pela Rio Tinto e BHP Billiton, que embarcam minério da Austrália.

As três companhias controlam dois terços do mercado total de minério de ferro, tornando-se alvos fáceis para a retórica da Cisa, a qual está determinada a ganhar vantagem nas negociações de preços do minério importado.

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