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Vale não deve aumentar investimentos em aço, diz BlackRock

A Vale pretende tocar dois novos projetos de aço neste ano no Brasil e comprou uma participação minoritária em projeto da ThyssenKrupp AG

Mineradora já está fazendo investimentos no Brasil que devem dar menores retornos do que o negócio de mineração, disse Will Landers, administrador de fundos para a América Latina  (Divulgação)

Mineradora já está fazendo investimentos no Brasil que devem dar menores retornos do que o negócio de mineração, disse Will Landers, administrador de fundos para a América Latina (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2011 às 17h49.

São Paulo - A Vale SA, que decidiu trocar seu presidente após críticas do governo, pode obter melhores retornos de capital caso concentre seus investimentos em mineração e não em aço, disse Will Landers, diretor para América Latina da BlackRock Inc.

A mineradora já está fazendo investimentos no Brasil que devem dar menores retornos do que o negócio de mineração, disse Landers, que administra US$ 10,5 bilhões em recursos de fundos de ações com foco em América Latina. A Vale pretende tocar dois novos projetos de aço neste ano no Brasil e comprou uma participação minoritária em projeto da ThyssenKrupp AG.

“O Brasil está com tantos projetos hoje que, para tentar forçar alguma companhia a fazer maiores investimentos que não fazem sentido, não é uma coisa fácil”, disse o executivo em entrevista ontem, na Bloomberg, em São Paulo. Aumentar investimentos em aço seria “definitivamente é negativo”, disse.

O governo brasileiro, que tem participações diretas e indiretas na Vale, criticou diversas vezes a companhia nos últimos dois anos por não investir mais em siderurgia doméstica e no setor de fertilizantes. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que a Vale investisse em siderúrgicas pelo menos seis vezes entre abril e setembro de 2009. Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff disse em um programa de rádio que o Brasil deveria exportar produtos de maior valor agregado em vez de apenas matérias-primas.

Interferência governamental

A segunda maior mineradora do mundo disse na semana passada que seus acionistas controladores escolheram Murilo Pinto de Oliveira Ferreira para substituir Roger Agnelli como presidente da empresa. Ferreira foi “uma escolha técnica e não política” e é “bem visto pela diretoria da companhia”, disse Landers.

“O governo sempre vai ter uma assento lá, o governo tem uma golden share”, disse Landers, em referência ao poder de veto do governo para decisões estratégicas, como a mudança da sede, do objeto social e liquidação da companhia. “Por isso que eu nunca comprei Vale ON, não tem um valor estratégico.”

A interferência do governo é responsável pelo desconto com que as ações da Vale são negociadas em relação a suas concorrentes internacionais Rio Tinto Group e BHP Billiton Ltd., disse o executivo da BlackRock. O controle do governo na Vale se dá pelas participações diretas e indiretas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil.

A relação entre preço e lucro esperado da BHP é de 16,6 vezes, enquanto a da Rio Tinto é de 12,2 vezes. O P/L da Vale é de 8 vezes, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Isso não quer dizer que a ação tem que cair daqui, porque ela ainda é a companhia que tem o melhor minério de ferro do mundo, com o custo de extração mais baixo do mundo”, disse Landers.

A BlackRock possui 9,5 por cento das ações preferenciais da Vale, segundo dados da Bloomberg. A BHP é a maior mineradora do mundo em valor de mercado.

As ações preferenciais da Vale fecharam hoje em queda de 1,1 por cento, cotadas a R$ 45,92, enquanto as ordinárias encerraram em baixa de 1,4 por cento, a R$ 51,25.

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