Barragens de rejeitos da Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton, que se rompeu em Mariana (MG) (Antonio Cruz/ Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2016 às 21h56.
A mineradora Vale adulterou os dados sobre o volume de lama que era depositada na barragem de Fundão.
Em novembro de 2015, a barragem rompeu em Mariana (MG) e deixou 19 pessoas mortas na comunidade de Bento Rodrigues, que foi devastada pelos dejetos. A Vale, junto com a BHP Billiton, é uma das controladoras da Samarco, responsável pela estrutura.
Em relatório da Polícia Federal obtido pela Folha, a empresa mudou os documentos para confundir as investigacões do crime.
Com a mineração, a Vale gerava dois tipos de rejeitos: a lama, que era depositada na Samarco, e estruturas arenosas, que ia para o depósito de Campo Grande.
Em dezembro de 2015, um mês depois do rompimento, a Vale modificou informações sobre o teor de concentração do minério que era produzido em Mariana. Com essa falsificação, o volume total de lama em Fundão - a barragem que rompeu - ficou menor do que o valor informado inicialmente pela empresa.
A empresa alterou, segundo o informe da PF, os últimos cinco RALs (Relatórios Anuais de Lavra) que havia enviado ao DNPM (DepartamentoNacional de Produção Mineral), órgão da União. No entanto, os dados sobre minérios foram preservados.
Segundo a Polícia Federal, havia uma elevada quantidade de água nos rejeitos, o que pode ser considerado como uma das causas da ruptura.
Em resposta à Folha, a Vale admite as alterações, mas diz que foram apenas correções e que manteve a transparência nas apurações. Mas, segundo a polícia, o objetivo das mudanças era "iludir as autoridades fiscalizadoras".
"Tal fato [adulteração] tem ocorrido para que a Vale se exima de suas responsabilidades com relação aos rejeitos depositados pela mesma na referida barragem [Fundão]", avalia a PF.