Usina, que começou a ser construída no leito do rio Xingu, deve iniciar operações em 2015 (Paulo Jares/VEJA)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2011 às 10h12.
Brasília - A Vale se unirá com o ingresso de US$ 500 milhões ao grupo que constrói na Amazônia a polêmica represa de Belo Monte, segundo fontes da companhia citadas nesta sexta-feira pela imprensa.
"Esta decisão se inscreve na estratégia da companhia para aumentar a geração de energias renováveis que se requer para seus projetos", declarou ao jornal "O Globo" o diretor de Mercado e Vendas da Vale, José Carlos Martins.
A Vale passará a fazer parte do consórcio Norte Energia, que assumiu as obras da represa, em vez do grupo Gaia, da companhia Bertin, que tinha uma participação de 9% e se retirou do projeto em fevereiro alegando dificuldades financeiras.
Belo Monte, que começou a ser construída este ano no leito do rio Xingu, no município de Altamira, deverá iniciar suas operações em 2015 e será a terceira maior hidroelétrica do mundo depois da chinesa das Três Gargantas e da paraguaio-brasileira Itaipu.
Segundo os cálculos iniciais, custará cerca de US$ 10,6 bilhões e sua capacidade de geração alcançará um máximo de 11.233 megawatts nas épocas de cheia do Xingu, onde ficará seu enorme muro de concreto.
O projeto está salpicado de polêmicas nas quais entrou até a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), que pediu para paralisar as obras até que se constate seu real impacto ambiental e social.
Índios e camponeses que vivem na região denunciaram que as obras deslocarão cerca de 50 mil pessoas, que moram atualmente em áreas que serão inundadas e às quais o Governo ainda não ofereceu alternativas.
Diversas organizações ambientalistas, por sua vez, sustentam que a represa de Belo Monte causará um dano "irreparável" ao ecossistema da região e porá em risco a subsistência da rica fauna do Xingu, um dos afluentes do rio Amazonas.
Apesar das pressões, o Governo da presidente Dilma Rousseff reiterou várias vezes que o projeto não será paralisado nem revisado, pois é um dos mais importantes de cara a garantir a energia que o país requer para seus planos de desenvolvimento.