Belo Monte é prioridade no PAC, que sofre baque com a saída do Bertin do projeto (Paulo Jares/VEJA)
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2011 às 09h18.
Rio de Janeiro - A Vale deve anunciar nos próximos dias a sua entrada no projeto da hidrelétrica de Belo Monte como autoprodutor, com 9% do empreendimento. Substituirá a Gaia, do grupo Bertin, que deixa o negócio. A participação da mineradora, que corresponderá a cerca de R$ 2,3 bilhões, será uma espécie de resposta do presidente da empresa, Roger Agnelli, ao processo de "fritura" que vem sofrendo, com a pressão do governo por uma sucessão no comando da Vale.
Segundo fontes, o compromisso teria sido selado ontem, em uma reunião na sede da empresa, no Rio, entre Agnelli e representantes do consórcio Norte Energia, responsável pelo projeto. A obra deve contar com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de, pelo menos, R$ 19,6 bilhões.
A hidrelétrica de Belo Monte é obra prioritária do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a saída do grupo Bertin, anunciada em fevereiro, por falta de fôlego financeiro para acompanhar o investimento, representou um baque significativo no projeto. Belo Monte, que será construída no Rio Xingu, está orçada em torno de R$ 25 bilhões e este mês o consórcio Norte Energia obteve autorização para começar a montar o canteiro de obras.
O projeto tem, necessariamente, de ser integrado por autoprodutores (que participam da obra para obter energia para seus próprios investimentos), com uma parcela de 10%. Um pequeno grupo siderúrgico instalado no Pará, a Sinobras, detém 1%. Com a saída da Gaia - que integrou o consórcio às vésperas do leilão, depois de intensa campanha do governo - chegou a ser negociado o rateio dos 9% entre quatro empresas. Além da Vale, foi cogitada a entrada da Gerdau, da Votorantim e da Alcoa. Participam do consórcio Norte Energia a Eletrobras, a Chesf, a Eletronorte, a Bolzano Participações, a Caixa Cevix, a Funcef e a Petros.
A entrada isolada da Vale ocorre num momento em que Roger Agnelli sofre forte pressão em torno da sua permanência no cargo. O mandato do executivo, que termina em abril, teve um termo aditivo assinado no ano passado, estendendo o período até o fim de 2012. Mas os acionistas (Previ, Bradespar, BNDESPar e Mitsui) estariam dispostos a cumprir as cláusulas indenizatórias para efetivar a substituição.
Na última terça-feira, notícia informou sobre um encontro em São Paulo entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro Brandão, para discutir a substituição do executivo.