Produção da Vale: expectativa de atingir 400 milhões de toneladas de capacidade em minério de ferro (Germano Lüders/Exame)
Juliana Estigarribia
Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 16h56.
Última atualização em 2 de dezembro de 2020 às 18h38.
A Vale está finalmente pavimentando o caminho para retomar a liderança do mercado global de minério de ferro, perdida após o desastre de Brumadinho. A companhia apresentou nesta quarta-feira, 2, suas metas de curto e médio prazo, com projeção de atingir 400 milhões de toneladas de capacidade da commodity ao final de 2022, superando suas principais rivais, as anglo-australianas Rio Tinto e BHP Billiton.
"Conseguiremos alcançar essa capacidade com tempo e flexibilidade", afirmou Marcelo Spinelli, diretor executivo de minerais ferrosos e carvão da companhia, durante o Vale Day, evento anual com investidores.
De acordo com a mineradora, o caminho para atingir esse volume inclui algumas metas:
A empresa ressaltou na apresentação que o desenvolvimento da capacidade de filtragem e empilhamento a seco será fundamental para atingir 40 milhões de toneladas de produção, dos 80 milhões adicionais previstos para os próximos dois anos.
"Não vamos inundar o mercado de minério de ferro, mas precisamos de flexibilidade na produção", destacou Eduardo Bartolomeo, presidente da companhia.
Para este ano, a empresa estima um intervalo de produção entre 300 milhões e 305 milhões de toneladas de minério de ferro. Para 2021, a estimativa é de 315 milhões a 335 milhões de toneladas.
Executivos ressaltaram que para atingir as metas a Vale não tem uma dependência tão forte do governo. Segundo Spinelli, as licenças necessárias para os projetos são "comuns" no processo de mineração.
O diretor de ferrosos disse ainda que o aumento da demanda por produtos que ajudam a reduzir os níveis de emissões deve impulsionar a produção de alta qualidade da companhia. Até 2024, a empresa tem como meta atingir 90% da produção de minério de alto teor de ferro contido.
O minério de referência do mercado global tem 62% de teor de ferro, mas o produto da Vale em seus principais projetos possui 65% ou até 67% de ferro. Com isso, a empresa pode obter prêmios sobre o preço de negociação da commodity ou mesmo fazer blends com o insumo de menor teor.
Em um mercado aquecido por minério de qualidade, a tendência é que essa diferença na cotação aumente. A projeção da Vale é obter até 10 dólares por tonelada de prêmio no médio prazo.
Luciano Siani, diretor executivo de finanças e relações com investidores, reforça que a redução da dependência de barragens será importante para acelerar os níveis de produção. "Seremos audaciosos nesse plano."
O mercado global de minério de ferro vive um momento de demanda aquecida, com a China acelerando o consumo. Neste ano, os preços tiveram uma alta de mais de 40% em relação a 2019, girando na casa dos 120 dólares.
Isso mostra que a competitividade da companhia no negócio é consideravalmente alta: sem compra de terceiros, o custo por tonelada produzida da Vale é de 13,6 dólares em 2020 e deve chegar a um intervalo de 10,5 a 12 dólares quando a capacidade estiver em 400 milhões de toneladas.
No entanto, a Vale continua com um problema antigo: a distância em relação ao maior mercado consumidor do mundo, a China. As rivais australianas estão bem mais próximas, o que demanda da mineradora brasileira um forte plano de logística.
"Vamos reduzir o uso de barragens e retomar a capacidade de 400 milhões de toneladas. Cedo ou tarde vamos chegar lá", garantiu Spinelli.