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Vale alterará cargueiros para proteger tripulação de piratas

A segunda maior empresa de mineração do mundo quer incluir salas de segurança em seus navios mais recentes

Os ataques de piratas no Golfo de Áden, entre o Mar Vermelho e a costa da Somália, cresceram quase cinco vezes entre 2007 e 2011 para o recorde de 236 (Spanish Ministry of Defence/AFP)

Os ataques de piratas no Golfo de Áden, entre o Mar Vermelho e a costa da Somália, cresceram quase cinco vezes entre 2007 e 2011 para o recorde de 236 (Spanish Ministry of Defence/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2012 às 12h04.

Londres - A Vale SA, segunda maior empresa de mineração mundial, pretende alterar o desenho de alguns dos seus novos cargueiros de minério de ferro, os maiores já construídos, para incluir salas de segurança para proteger a tripulação contra sequestros de piratas somalis.

Alguns navios terão salas de segurança construídas propositadamente, conhecidas como fortalezas ou citadels em inglês, onde os tripulantes poderão esperar por resgate caso os piratas invadam a embarcação, disse Peter Kavanagh, diretor de segurança da Vale, em entrevista durante evento hoje em Hamburgo. A Vale é a maior produtora mundial de minério de ferro, matéria-prima siderúrgica.

Os ataques de piratas no Golfo de Áden, entre o Mar Vermelho e a costa da Somália, uma área maior do que a Europa, cresceram quase cinco vezes entre 2007 e 2011 para o recorde de 236, de acordo com o International Maritime Bureau de Londres. Os donos de navios precisam reforçar as fortalezas já existentes em embarcações porque os piratas podem muitas vezes atirar por suas portas e janelas, disse Kavanagh.

“Somos a única empresa que eu saiba que está fazendo isso”, disse ele.

A Vale, que já possui e opera 52 navios, está construindo 35 modelos dos maiores transportadores de minério no mundo, dos quais será dona de 18. O redesenho será aplicado aos navios que serão da empresa e estão perto de serem entregues, de acordo com Kavanagh. Alguns deles cruzam o Oceano Índico em direção a Omã para entregar a matéria-prima a uma planta de pelotização, disse ele.

Alimentos e medicamentos

As salas de segurança, recomendadas por padrões do setor, terão comunicação independente por satélite assim como comida e medicamentos suficientes para três dias, segundo Kavanagh. Elas também permitirão à tripulação comandar os navios, disse ele.

Desviando os navios de áreas de risco aumenta a duração das viagens em três dias, acrescentando US$ 70.000 por dia em custos extras de combustível, ou cerca de 78 por cento da despesa adicional de segurança, disse ele. A Vale passou a ter seguranças armados em todos os navios que seguem para Omã desde julho, disse Kavanagh.

Há cerca de 5.000 operando na região, com cerca de 20 por cento “eliminados do jogo” por meio de operações antipirataria, disse no mesmo evento Phil Haslam, chefe de equipe da European Union Naval Force Somalia.

O aumento das intervenções navais e a melhoria da segurança a bordo ajudaram a reduzir os ataques de piratas somalis no primeiro trimestre para 43 em relação aos 97 do mesmo período do ano passado, disse a IMB em 23 de abril.
A Vale ocupa a segunda posição entre as mineradoras em valor de mercado atrás da BHP Billiton Ltd.

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