A Usiminas trabalha com perspectiva de incremento de vendas de aço nos próximos meses, mas os executivos evitaram comentar números (Nelio Rodrigues/Agência Primeiro Plano/Veja)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2012 às 14h12.
São Paulo - A Usiminas está trabalhando com um cenário de estabilidade de preços de aço no mercado interno nos próximos meses, apesar da recente desvalorização do real contra o dólar e da expectativa de queda nas importações do material no país, afirmou o vice-presidente comercial da empresa, Sérgio Leite, nesta terça-feira.
"No primeiro trimestre, a importação de aço se manteve mais ou menos no mesmo nível do quarto trimestre do ano passado e ainda temos observado oferta de produtos importados com preços menores que ofertas do final do ano passado", disse o executivo em teleconferência com analistas.
Na véspera, a Usiminas divulgou prejuízo de 37 milhões de reais, a primeira perda trimestral desde o primeiro quarto de 2009.
"Concordo que o prêmio (diferença de preços entre o mercado interno e externo) está em nível baixo. Estamos vendo prêmios de dois a oito por cento dependendo do produto. Em função disso, nossa estratégia de curto prazo é de estabilidade de preços", disse o executivo.
A companhia, que passou a contar com uma nova administração em meados de fevereiro, após a entrada do grupo ítalo-argentino Techint no controle, espera continuidade na redução de custos nos próximos trimestres depois que o custo de produtos vendidos por tonelada de aço caiu 6,5 por cento sobre o quarto trimestre.
"Trabalhamos na redução de participação de mão de obra direta e indireta em nossos custos de produção, principalmente pelo corte de serviços de terceiros (...) O carvão que compramos no primeiro trimestre está mais baixo que no trimestre anterior e a expectativa para o segundo trimestre também é de redução", disse o vice-presidente de finanças, Ronald Seckelmann.
Às 14h06, as ações ordinárias da Usiminas recuavam 2,16 por cento, em meio a um recuo do setor siderúrgico e alta ligeira de 0,17 por cento do Ibovespa.
"O resultado apresentado pela Usiminas foi muito fraco em nossa avaliação (...) No entanto, quando olhamos para o médio longo prazo (próximos 18 meses), esperamos que as medidas de estímulo do governo, como isenção de IPI para a linha branca, incentivo para a produção de veículos com produtos nacionais, entre outros, possam alavancar suas vendas no mercado interno", afirmaram em relatório analistas da corretora Concórdia.
Além da expectativa de redução de custos nos próximos trimestres, um dos pontos mais observados pelo mercado uma vez que a empresa não é autossuficiente em minério de ferro e energia, a Usiminas trabalha com perspectiva de incremento de vendas de aço nos próximos meses, mas os executivos evitaram comentar números.
Segundo o presidente da Usiminas, Julián Eguren, a empresa está concluindo um ciclo de investimento em produção de aço e "muitos dos equipamentos ainda não estão em sua plena capacidade de utilização e isso nos obriga a trabalhar em condições pouco eficientes".
Um dos principais projetos da companhia em aço é o laminador de tiras a quente na usina de Cubatão (SP), em que a empresa investiu 2,5 bilhões de reais. O equipamento entrou em fase de testes comerciais em março e deve contribuir para reduzir custos a partir do segundo semestre.
Quanto aos planos sobre sinergias com a Ternium, siderúrgica latino-americana controlada pela Techint, os executivos afirmaram que a Usiminas segue avaliando a "configuração produtiva de nosso sistema industrial", mas que o novo acionista da companhia permitirá "uma atuação mais efetiva na Colômbia, Venezuela e México".
Neste último, a unidade mexicana da Ternium comprou 40 mil toneladas de placas no trimestre passado. "Reduzimos nosso estoque de placas (...) e nossa expectativa é que no segundo trimestre nós também venhamos a vender placas", disse Leite.
As unidades alvos de rumores de venda no mercado após a entrada da nova administração na siderúrgica, Soluções Usiminas (voltada à distribuição de aço) e Usiminas Mecânica (de bens de capital) seguem dentro dos planos da companhia.
"Não temos planos de venda da Soluções", disse Leite, acompanhado por Seckelmann, que comentou que "as unidades são negócios que exigem um nível de capital empregado relativamente baixo. Elas agregam valor ao produto da siderurgia".