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Usiminas avaliou aumento de preços, mas desistiu com dólar

Diretor comercial da produtora de aços planos, Sérgio Leite, afirmou que a companhia segue vendo sinais de enfraquecimento da economia brasileira


	Usiminas: a intenção da empresa é dosar vendas nos mercados interno e externo
 (Wikimedia Commons)

Usiminas: a intenção da empresa é dosar vendas nos mercados interno e externo (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2015 às 13h40.

São Paulo - A Usiminas chegou a avaliar um aumento nos preços de aço no primeiro trimestre quando a moeda norte-americana estava no patamar de 3,20 reais, mas o recuo do câmbio fez a empresa desistir da ideia e trabalhar com um cenário de estabilidade de preços para o período de abril a maio.

Em teleconferência com analistas, o diretor comercial da produtora de aços planos, Sérgio Leite, afirmou que a companhia segue vendo sinais de enfraquecimento da economia brasileira no atual trimestre e com isso projeta queda nas vendas no mercado interno no período.

Para tentar compensar esse movimento, a empresa tentará elevar exportações no segundo trimestre ante os três primeiros meses do ano, apesar da expectativa de que estas vendas externas terão margens menores, disse Leite.

Segundo o executivo, a intenção da empresa é dosar vendas nos mercados interno e externo de modo que a Usiminas tenha o mesmo volume de vendas de aço no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano.

A companhia teve vendas de 1,256 milhão de toneladas de aço no primeiro trimestre, queda de 12,6 por cento sobre o mesmo período de 2014 e alta ligeira de 1 por cento na comparação com o quarto trimestre do ano passado.

As ações da empresa, no entanto, disparavam mais de 7 por cento às 13h20, com analistas considerando o resultado como acima do esperado diante de forte aumento de vendas no mercado interno, no qual as margens de lucro costumam ser maiores.

Segundo Leite, o nível atual de preços de aço no Brasil está de 5 a 10 por cento mais alto que no exterior, algo que o executivo considera como patamar de "equilíbrio".

"Tivemos o câmbio superior a 3,20 (reais) no primeiro trimestre durante algumas semanas, que nos colocava em posição de provável aumento de preços, mas o recuo do dólar e a queda nos preços internacionais nos coloca mais para estabilidade (de preços) para o segundo trimestre", disse o Leite a analistas.

A Usiminas, que esperava que o Porto Sudeste iniciasse operações no final do ano passado, agora trabalha com a esperança de que o terminal de exportação de minério de ferro comece a operar entre o final de junho e o início de julho.

A empresa espera há anos pela abertura do porto, considerado essencial para o escoamento eficiente de sua produção de minério de ferro para exportação.

O projeto, antes apenas a cargo da mineradora MMX, do empresário Eike Batista, passou por sucessivos atrasos.

O diretor de mineração da Usiminas, Wilfred Bruijn, afirmou que o "que conseguimos perceber, e que estamos trabalhando, é abertura do porto na virada de junho para julho, no começo do segundo semestre", disse o executivo durante a teleconferência.

No site do projeto do porto, a informação que consta é início de operações "no segundo trimestre de 2015".

Perguntado se ainda faz sentido para a Usiminas exportar a commodity com um cenário de preços internacionais na casa de 50 dólares a tonelada, Bruijn comentou que "estamos vivendo um momento muito difícil no mercado de minério de ferro, onde cada dólar poderá fazer diferença, o que só contribui para essa cruzada de termos o nível de custo mais competitivo possível".

A Usiminas terminou o primeiro trimestre com uma relação de dívida líquida sobre Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 2,9 vezes, um aumento ante o nível de 1,9 vez registrado um ano antes.

Porém, o vice-presidente financeiro da siderúrgica, Ronald Seckelmann, comentou que a Usiminas não tem perspectivas de reduzir ou paralisar projetos de investimento em andamento, explicando que eles começaram em anos anteriores e já estão em fase final de serem concluídos.

Seckelmann afirmou ainda que a Usiminas não tem "nenhuma indicação" de que vai quebrar níveis de endividamento conhecidos como "covenants" no próximo período de observação, que ocorre em junho.

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