IPVA: É possível conferir o valor do imposto a pagar em toda a rede bancária (Justin Sullivan/Getty Images)
André Jankavski
Publicado em 18 de setembro de 2018 às 15h55.
Última atualização em 24 de setembro de 2018 às 20h54.
A família do grupo paulista Rodobens decidiu apostar em startups. Fundada há quase 70 anos, a companhia iniciou as suas atividades como uma concessionária de caminhões. De lá para cá, atuou em diversos segmentos correlatos — e bem tradicionais — ao seu principal negócio: criou um banco, incorporadora de imóveis e até uma seguradora. A família Verdi, que é dona do conglomerado, gostou tanto do ramo de seguros que elaborou um outro negócio para chamar de seu, totalmente a parte da Rodobens. Por isso, em 2007, a terceira geração criou a Usebens para competir no concorrido segmento automotivo.
Agora, onze anos depois da fundação, a seguradora quis arriscar em um novo segmento. A Usebens entrou na onda das insurtechs, como são chamadas as empresas novatas que juntam tecnologia e o mercado segurador. Por isso, criou a sua própria startup chamada OnMe, que tem seguros que podem ser contratados pela internet e que dispensam o corretor, além de dar descontos para os bons motoristas. Outro diferencial é o contrato mensal: o segurado pode cancelar ou suspender o serviço quando quiser.
A aposta no negócio é alta. A Usebens pretende investir 80 milhões de reais nos próximos três anos, principalmente em marketing, tecnologia e contratação de funcionários – além dos ativos garantidores, exigido pela Susep. A meta é ter 50.000 clientes até 2020. A seguradora, hoje, possui apenas 17.000 segurados de automóveis em 18 anos de existência.
Para atrair a clientela, a empresa aposta na tecnologia e na personalização. O consumidor pode montar o seguro pela internet e como bem entender. Pode ser somente roubo e furto, danos a terceiros, reparos de peças ou assistência 24 horas. Ou tudo isso junto. “A intenção é mostrar que o setor de seguros não é tão complicado”, diz Marcela Verdi, que acumula os cargos de CEO da OnMe e de vice-presidente da Usebens.
Os preços ficarão em torno de 140 reais por mês, dependendo do modelo do automóvel. O diferencial é que esse valor pode cair até 20% de acordo com o perfil do condutor. A empresa terá esse controle através de um aparelho instalado no interior do veículo, similar aos vendidos por empresas como Sem Parar e ConectCar.
Mas em vez de passar em cancelas de pedágio ou de shoppings, o aparelho vai medir pontos como aceleração acima do permitido e freadas bruscas. Além disso, como é conectada ao aplicativo para smartphones da OnMe, ele também medirá a distração na hora da direção – o aparelho saberá o momento em que o motorista ficou no celular enquanto dirigia o automóvel.
“Em outras seguradoras, elas cobram um valor fixo, independentemente se você dirige bem ou da frequência de uso em seu caso”, diz Breno Barros, diretor de inovação e negócios digitais da Stefanini. A empresa de tecnologia ajudou no desenvolvimento da plataforma de vendas e na integração de todos os sistemas.
A expectativa da OnMe é que esse novo modelo de precificação ajude a atrair pessoas que se sentem injustiçadas pelo valor que pagam pelo seguro. “Não é justo que um jovem responsável pague o mesmo que um outro jovem indisciplinado”, diz Marcela.
Hoje, somente 25% da frota é segurada. Ao mesmo tempo, cerca de 80% dos carros mais novos, com três anos da fabricação. Ou seja, a briga é cada vez maior pelos carros mais antigos – cujos donos estão dispostos a pagar bem menos pela apólice. “Vamos lançar um seguro popular em breve para atender a esse público”, diz Marcela.
O desafio é conseguir abrir mercado em um setor dominado por gigantes como Porto Seguro, Bradesco Seguros e BB Mapfre. A Usebens acredita que tem o caminho para isso.