Negócios

Unilever não comunicou problemas com Ades à Anvisa

“Os três entes [municipal, estadual e federal] de vigilância sanitária do Brasil não tomaram conhecimento a não ser por notícias de jornal”, reclamou o diretor da Anvisa, José Agenor


	Bebida de soja Ades: o vice-presidente da Unilever Brasil, Newmam Debs, que também participou da audiência pública, disse que a preocupação inicial da empresa foi alertar os consumidores.
 (CLAUDIA)

Bebida de soja Ades: o vice-presidente da Unilever Brasil, Newmam Debs, que também participou da audiência pública, disse que a preocupação inicial da empresa foi alertar os consumidores. (CLAUDIA)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Brasília – A Unilever Brasil não comunicou oficialmente às autoridades sanitárias, quando identificou que um lote do suco de maçã da marca Ades de 1,5 litro foi envazado com produto de limpeza. A informação foi dada nesta quarta-feira (27) pelo diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, José Agenor Álvares da Silva, durante uma audiência pública para discutir o problema na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.

O Artigo 10º do Código de Defesa do Consumidor diz que "o fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários". Apesar disso, segundo a Anvisa, isso não aconteceu. “Os três entes [municipal, estadual e federal] de vigilância sanitária do Brasil não tomaram conhecimento a não ser por notícias de jornal”, reclamou José Agenor.

Ainda segundo Agenor, hoje as secretarias de Saúde do estado de Minas Gerais e de Pouso Alegre (MG) – onde está localizada a fábrica – vão concluir o relatório de inspeção. Com base nesse trabalho, a área técnica da Anvisa vai decidir quando os produtos da marca, que estão com a venda, fabricação, distribuição e comercialização suspensos, desde o dia 15 de março, serão liberados.

O diretor da Anvisa, explicou que a agência não tem uma resolução de recall de alimentos. “Isso está sendo discutido há seis anos”, disse. A expectativa é que, a partir dessa norma, as empresas de alimentos sejam obrigadas a informar qualquer problema ao órgão.

Outra preocupação destacada por José Agenor, é o 'flagrante desrespeito às normas' por parte das empresas. Segundo ele, as penas são brandas e muitas vezes as empresas deixam de cumprir suas obrigações por que 'têm menos prejuízo' sendo punidas.


Vários deputados consideraram grave o fato da Anvisa não ter sido comunicada do problema pela empresa. O vice-presidente da Unilever Brasil, Newmam Debs, que também participou da audiência pública, disse que a preocupação inicial da empresa foi alertar os consumidores. “Nosso primeiro esforço foi dar o máximo conhecimento aos consumidores para evitar que consumissem esse produto”, explicou.

Newmam disse ainda que, além de prestar toda assistência aos consumidores prejudicados, assim que houve a primeira reclamação do produto, a empresa anunciou o recall no próprio site e em alertas nos principais meios de comunicação do país.

Segundo a Unilever, uma falha no processo de higienização da máquina, fez com que a fábrica envazasse por 80 segundos produto de limpeza em vez de suco. Até agora, das 96 caixas produzidas com a falha, 46 foram recolhidas. O lote contaminado foi distribuído nos estados do Rio de Janeiro, Paraná e de São Paulo. O representante da empresa disse que essa é o primeira vez, desde que o suco Ades começou a ser produzido no Brasil há 15 anos, que houve falha de fabricação do produto.

Acompanhe tudo sobre:AdeSAnvisaEmpresasSaúde no BrasilUnilever

Mais de Negócios

Contador online: com contabilidade acessível, Contabilivre facilita a rotina fiscal e contábil

Ele viu o escritório afundar nas enchentes do RS. Mas aposta em IA para sair dessa — e crescer

Setor de varejo e consumo lança manifesto alertando contra perigo das 'bets'

Onde está o Brasil no novo cenário de aportes em startups latinas — e o que olham os investidores