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Unilever escolhe Roterdã para substituir Londres como sua sede

A terceira maior empresa no Reino Unido diz que a decisão de encerrar 88 anos de controle duplo não tem ligação com o Brexit

Unilever: empresa lançou uma revisão de sua estrutura de controle duplo em 2017, disparando uma batalha entre Reino Unido e Holanda (Karin Salomão/Site Exame)

Unilever: empresa lançou uma revisão de sua estrutura de controle duplo em 2017, disparando uma batalha entre Reino Unido e Holanda (Karin Salomão/Site Exame)

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Reuters

Publicado em 15 de março de 2018 às 11h12.

Londres/Amsterdã - A Unilever , terceira maior empresa no Reino Unido, escolheu Roterdã para substituir Londres como sua sede, em um golpe para o governo da primeira-ministra Theresa May, um ano antes do Brexit.

A empresa anglo-holandesa, que fabrica desde o sabonete Dove aos sorvetes Ben & Jerry, lançou uma revisão de sua estrutura de controle duplo em 2017, após rejeitar uma aquisição de 143 bilhões de dólares da Kraft Heinz, disparando uma batalha entre Reino Unido e Holanda.

A Unilever disse que a decisão de encerrar 88 anos de controle duplo não tinha ligação com o Brexit ou com qualquer forma de protecionismo, afirmando que simplificaria sua estrutura, tornaria mais ágil e facilitaria aquisições.

"Deixe-me categoricamente dizer que isso não tem nada a ver com o Brexit", disse a repórteres o presidente do conselho, Marijn Dekkers.

"O conselho toma uma decisão para o período de 30 a 50 anos. Nós acreditamos que os dois países têm climas altamente atrativos para investimento e nós vamos continuar investindo em ambos como resultado disso", acrescentou Dekkers.

No entanto, Chris Bryant, um parlamentar do partido Trabalhista, de oposição, que fez campanha pela permanência do Reino Unido na União Europeia, disse que a decisão era outro sinal de enfraquecimento do ambiente de negócios britânico.

Formada em 1930 pela fusão entre a fabricante holandesa de margarinas Margarine Unie com a produtora britânica de sabonetes Lever Brothers, a Unilever vai manter os 7.300 funcionários no Reino Unido e continuará com suas ações listadas em Londres, Amsterdã e Nova York.

Entretanto, não está claro se a empresa poderá permanecer no índice FTSE 100 das principais ações, uma decisão que poderia afetar suas ações se fundos forem forçados a vender.

O diretor de finanças, Graeme Pitkethly, disse à Reuters que a permanência da empresa no FTSE 100 Index ainda estava incerta porque a empresa não conversou com os fornecedores sobre o índice.

Como parte da reestruturação, a Unilever vai criar três divisões, com as áreas de beleza e cuidados pessoais e cuidado com o lar sediadas em Londres. A divisão de alimentos e bebidas ficará baseada em Roterdã.

A empresa disse que vai dar mais autoridade aos líderes dessas divisões para determinar a estratégia. "Isso garante quase 1 bilhão de libras por ano de gasto continuado no Reino Unido, incluindo um compromisso significativo com pesquisa e desenvolvimento", disse a Unilever.

A Unilever conversou com governos os dois países antes de tomar sua decisão e a medida será vista como um golpe para a premiê May, que está no meio de negociações com Bruxelas sobre a saída britânica da UE, em 29 de março de 2019.

Nos últimos meses havia crescido a especulação de que a Unilever escolheria a Holanda, após o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, um veterano da Unilever, propor uma mudança tributária vista como benéfica para multinacionais anglo-holandesas.

A Unilever disse não esperar mudanças significativas de impostos como resultado do negócio. A empresa disse ter escolhido a Holanda, porque a empresa holandesa atualmente responde por 55 por cento do grupo e essas ações são negociadas com mais liquidez.

 

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