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União com BRF era oportunidade, não uma mudança de estratégia da Marfrig

No fim de maio, BRF e Marfrig anunciaram uma possível fusão. Se tivesse sido levada adiante, o resultado seria uma empresa de 35 bilhões de reais

"Temos nove plantas na América do Sul aprovadas para exportar carne para a China, que é um mercado que remunera melhor do que os outros", disse Miguel Gularte, presidente da operação da Marfrig na América do Sul (Pixabay/Reprodução)

"Temos nove plantas na América do Sul aprovadas para exportar carne para a China, que é um mercado que remunera melhor do que os outros", disse Miguel Gularte, presidente da operação da Marfrig na América do Sul (Pixabay/Reprodução)

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Natália Flach

Publicado em 15 de agosto de 2019 às 18h17.

Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 17h31.

São Paulo - Para o frigorífico Marfrig, a união com o concorrente BRF era uma oportunidade, não uma mudança na estratégia da companhia. Ao menos, foi isso que Marcos Molina, presidente do conselho de administração, deixou implícito durante teleconferência com investidores, na tarde desta quinta-feita (15).

Perguntado se o acordo com a maior exportadora de frangos seria um desvio no plano de crescer no mercado de carne bovina ou simplesmente uma oportunidade, Molina afirmou que o foco nunca mudou. "Nunca fugimos disso. Nós tínhamos o nosso caminho e a BRF, o deles. Um dia sentamos para conversar, e tudo foi feito da forma mais profissional possível. Entretanto, decidimos não seguir juntos", respondeu.

No fim de maio, BRF e Marfrig anunciaram início de discussões para uma possível fusão. Se tivesse sido levada adiante, o resultado seria uma empresa de cerca de 35 bilhões de reais em valor de mercado.

Segundo o presidente-executivo, Eduardo Miron, a expectativa é que o Marfrig tenha um desempenho ainda melhor no segundo semestre — apesar de a empresa já ter conseguido reverter o prejuízo do segundo trimestre do ano passado. Isso porque, por questões climáticas nos Estados Unidos, o desempenho nos primeiros seis meses do ano ficou aquém do potencial. O frigorífico tem uma operação importante em terras americanas com a National Beef, empresa que faturou 24,3 bilhões de reais no ano passado. "A demanda se arrastou para o segundo semestre", disse. "Estamos no local certo e no momento certo." 

Até porque uma tragédia pode significar uma oportunidade para o Marfrig. Uma das indústrias da Tyson Foods pegou fogo no Kansas, e, segundo o fundador da Sterling Marketing, John Nalivka, a planta processou cerca de 5% do total de bovinos alimentados pelos Estados Unidos, em entrevista ao Meatingplace. "Todos nós sentimos quando acontece algo assim. Não é momento de celebração e, sim, de reflexão. Terá impacto, mas não sabemos ainda o quanto", acrescentou Miron.

Outro mercado que pode despontar — graças a uma tragédia — é a China. O país vive uma epidemia de peste suína, que dizimou rebanhos de porcos, o que pode elevar o consumo de carne bovina. "Temos nove plantas na América do Sul aprovadas para exportar para a China, que é um mercado que remunera melhor do que os outros", disse Miguel Gularte, presidente da operação da Marfrig na América do Sul.

As ações da companhia encerraram o pregão desta quinta-feira (15) em queda de 0,64% a 7,77 reais.

Resultados

O Marfrig reverteu no segundo trimestre prejuízo de quase 600 milhões de reais sofrido um ano antes, obtendo um terceiro lucro trimestral consecutivo graças à melhora no desempenho operacional — mesmo com a interrupção das exportações brasileiras para a China durante 10 dias.

A companhia, maior produtora de hambúrgueres do mundo, registrou lucro líquido de 86,5 milhões de reais, no segundo trimestre, e um faturamento de 12,2 bilhões de reais, alta de quase 10% em relação ao mesmo período de 2018.

A expectativa é alcançar no ano uma receita líquida entre 47 bilhões de reais e 49 bilhões de reais. "Estamos confiantes, reitero que vamos bater as nossas projeções", disse Miron.

 

 

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