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Uma nota fiscal de R$ 30 mil levou a criação desse site que hoje traz R$ 50 milhões

O 'advogado raiz' Rafael Bagolin criou uma ferramenta para uso próprio com ajuda do desenvolvedor Juliano Lima, e a dupla acabou conquistando os primeiros clientes sem querer

Rafael Bagolin e Juliano Lima, da Jusfy: startup quer futuramente oferecer antecipação de honorários (Jusfy/Divulgação)

Rafael Bagolin e Juliano Lima, da Jusfy: startup quer futuramente oferecer antecipação de honorários (Jusfy/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 5 de outubro de 2025 às 10h20.

Para o advogado gaúcho Rafael Bagolin, a história começou na forma de uma fatura de R$ 30 mil.

O sistema judiciário brasileiro, que envolve 93 tribunais e processos que duram, em média, sete anos, exigia que ele contratasse contadores para cálculos de inflação, juros e honorários — serviços caros e demorados.

"Não pode errar uma vírgula", diz Bagolin, que se descreve como um "advogado raiz" do Rio Grande do Sul. "A gente costuma não ser muito tecnológico, né? E eu era um deles".

Cansado de gastar tempo e dinheiro com tarefas que não eram a advocacia em si, ele decidiu criar a própria solução.

Inicialmente uma ferramenta para uso próprio, a Jusfy é hoje uma empresa com receita anual recorrente superior a R$ 55,3 milhões. Mais de 50 mil advogados já usaram a plataforma e 25 milhões de processos foram impactados.

Como tudo começou?

Hoje, a empresa se posiciona como o "canivete suíço" do advogado brasileiro, oferecendo ferramentas de cálculos jurídicos, gerenciamento de processos e até uma espécie de "Tinder" que conecta advogados a pessoas com problemas jurídicos.

Mas, lá em 2019, Bagolin só queria algo para facilitar o dia a dia do escritório. Pediu ajuda ao desenvolvedor Juliano Lima, hoje diretor de inovação da empresa, que criou a ferramenta que resolvia horas de cálculos em minutos.

A história poderia acabar por aí, mas cerca de 100 advogados descobriram a plataforma, que estava disponível no site do escritório de advocacia de Bagolin, e usavam ela sem o conhecimento do idealizador.

Bagolin só descobriu a "clientela" quando o custo do servidor, que inicialmente era R$ 60 por mês, saltou para R$ 2.100.

"Pedi para o Juliano fechar o site, mas logo depois já estavam me ligando e falando que, se o problema era dinheiro, eles pagariam", diz Bagolin.

Foi assim que a Jusfy foi oficialmente lançada, em junho de 2021.

O que a Jusfy oferece

A Jusfy reúne ferramentas para resolver desde as questões mais básicas até as mais complexas do dia a dia do advogado.

Entre os serviços, há a calculadora jurídica e um espaço que reúne todas as informações de um processo num só lugar. Assim, o advogado consegue acompanhar o controle de prazos, dentre outras coisas.

Por último, a Jusfy lançou recentemente um marketplace reverso chamado JustHelp.

A ferramenta conecta pessoas com problemas jurídicos a advogados na plataforma de qualquer lugar do Brasil.

A Jusfy opera com três planos de assinatura, que variam de R$ 77 a R$ 117, com um ticket médio de R$ 85.

O "F" de futuro é de fintech

Com a expansão da plataforma, a Jusfy está agora focada em um novo desafio: transformar-se em uma fintech para resolver outra grande dor do advogado.

"A relação entre bancos e advogados não costuma ser muito boa", afirma Bagolin. Segundo ele, a falta de receita recorrente e a natureza esporádica dos recebimentos dificultam o acesso dos profissionais a coisas como empréstimos ou o aumento do limite no cartão de crédito.

A nova vertical da Jusfy deve oferecer uma ferramenta de gestão de cobranças. Ela também quer oferecer antecipação de honorários e até cartões de crédito com base no histórico de recebimentos e desempenho processual dos advogados.

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