Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h36.
Pesquisas realizadas pela FIA nos últimos 20 anos têm mostrado que seis fatores respondem pela qualidade das políticas e práticas de gestão de pessoas: remuneração/benefícios, carreira, educação, saúde, integridade e responsabilidade social e ambiental. A avaliação dessas políticas e práticas está relacionada a indicadores objetivos, de caráter técnico. Ou a empresa tem, ou não tem. E se tem, qual é a sua abrangência. Atinge toda a sua po-pulação ou privilegia um determinado grupo? Nesta primeira pesquisa que realizamos para este Guia, a nota média das 150 melhores empresas no Índice de Qualidade na Gestão de Pessoas ficou em 52,20. Apenas a metade dos 100 pontos possíveis. O indicador com a pior avaliação explora a preocupação da empresa com a integridade do trabalhador. Com a nota 3 qualquer executivo seria reprovado nos nossos MBAs da FIA -- e, é sempre bom lembrar, essa é a nota das melhores para trabalhar nesse item. Em defesa das empresas, é importante esclarecer que essa nota baixa pode estar relacionada ao fato de muitas não terem atividade industrial e algumas perguntas serem muito específicas, algo que pensamos rever para o próximo ano. De qualquer modo, a nota está mais baixa do que prevíamos, o que demonstra o muito que se pode fazer nesse campo. Quanto ao indicador relativo à carreira, nossa hipótese era de que a nota seria baixa porque as empresas estão pouco estruturadas nesse aspecto. O objetivo desse item era o de chamar a atenção para o papel das empresas no desenvolvimento profissional. Veja por que cada um dos seis indicadores é importante para o sucesso das empresas que querem ser competitivas local e globalmente.
Remuneração e Benefícios
A remuneração expressa a valorização atribuída aos empregados e a qualidade da empresa na estratégia em gestão de pessoas. Uma remuneração acima da média do mercado só pode ser sustentada em um ambiente extremamente competitivo e se a empresa possuir e conseguir manter desempenhos acima da média. Se praticada em um ambiente de baixo desempenho, torna a empresa pouco competitiva e os salários não serão sustentados no tempo. Essas empresas fatalmente terão que demitir os empregados caros e admitir outros mais baratos. As empresas, entretanto, que pagam salários acima da média para empregados em contínuo desenvolvimento e que estão gerando resultados vão sustentar sua folha de pagamentos. Os benefícios refletem a preocupação da empresa com o bem-estar de seus trabalhadores em um país onde o Estado está ausente. Os benefícios são medidos pela qualidade em atender necessidades básicas dos trabalhadores, oferecendo condição digna de vida e trabalho.
Carreira Profissional
Pesquisas realizadas pela FIA desde 2000 têm mostrado que o aspecto mais valorizado pelas pessoas é a perspectiva de crescimento profissional. Para isso, as ações da empresa se referem tanto ao estímulo quanto ao suporte para que a pessoa cresça. Um aspecto importante da carreira é o processo de inclusão, ou seja, todas as pessoas que mantêm uma relação de trabalho com a empresa são objetos dessa preocupação. Esse será cada vez mais o fator determinante de diferenciação da empresa no mercado.
Educação
A educação é fundamental para o desenvolvimento dos profissionais. É também uma ação social relevante, na medida em que capacita as pessoas para a empresa, para o mercado de trabalho e para a sociedade. Também aqui um aspecto importante é a inclusão, ou seja, qual é a população abrangida pela ação da empresa. Quanto maior seu alcance, maior a condição dela sustentar seu nível de competitividade e maior a contribuição da empresa para a sociedade.
Responsabilidade Social e Ambiental
Uma empresa que se destaca como um bom ambiente de trabalho deve ser cidadã. Essa questão, além de ser cada vez mais exigida pela sociedade, tem grande impacto na construção do orgulho de pertencer por parte dos trabalhadores. Temos visto com grande preocupação, entretanto, um desequilíbrio entre as ações de responsabilidade social para fora da empresa com relação ao que fazem para dentro dos seus muros. Em outras palavras, encontramos organizações com programas sociais e ambientais interessantes e milionários junto à comunidade e que não conseguem abranger os seus trabalhadores e familiares. Muitas vezes, pessoas da comunidade têm acesso a benefícios oferecidos pela empresa que não são oferecidos internamente.
Integridade Física, Psíquica e Social
Não podemos pensar numa empresa boa para trabalhar sem preocupação genuína com a integridade de seus funcionários. Não é possível imaginar uma empresa que ofereça risco de vida ou à integridade da pessoa e que consiga sustentar um bom ambiente de trabalho. A integridade da pessoa não está reduzida só ao aspecto físico, se estende também ao psicológico e social. Para se desenvolver, as pessoas devem se sentir valorizadas em relação ao seu trabalho e seguras quanto a sua importância para a empresa e para as pessoas ao seu redor.
Saúde
A questão da saúde não se resume a um bom plano de assistência médica. Envolve também aspectos educacionais e preocupações com a integridade da pessoa, como se viu no fator acima. Novamente, a inclusão é essencial. As preocupações com saúde não devem estar ligadas somente aos cargos mais estratégicos, mas com todos os trabalhadores. A questão da saúde também é um item de benefício para o trabalhador, principalmente no que tange à sua família.
Apenas na média | |
Veja as notas médias do IQGP e dos seis indicadores de RH que o compõem: | |
Índice de Qualidade na Gestão de Pessoas | 52,20 |
Remuneração e Benefícios | 52,16 |
Carreira Profissional | 49,74 |
Saúde | 66,72 |
Educação | 65,40 |
Integridade do Trabalhador | 30,58 |
Responsabilidade Social e Ambiental | 48,61 |
*Joel Dutra coordena o Programa de Gestão de Pessoas; André Fischer coordena o MBA de recursos humanos da FIA.Ambos são professores da Faculdade de Economia e Administração da USP