Cameron Adams, do Canva: ainda há muito a desenvolver e aprender sobre as IAs (Canva/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 4 de outubro de 2023 às 13h49.
Última atualização em 4 de outubro de 2023 às 14h18.
O mundo mudou desde novembro de 2022 e a plataforma Canva não pretende ser pega de surpresa na jornada impulsionada pela OpenAI e o seu ChatGPT. Uma das primeiras a oferecer ferramentas fáceis e acessíveis para que meros mortais criem as próprias artes visuais e materiais gráficos em 2012, a plataforma australiana está lançando um conjunto de soluções com inteligência artificial generativa nesta quarta-feira, 4.
No linguajar popular, a proposta é mostrar aos usuários da plataforma que eles podem “pintar e bordar” usando as novas tecnologias, criando artes, apresentações e vídeos com o uso de IA. Algumas delas, em desenvolvimento ao longo dos últimos anos e outras planejadas nos últimos seis meses. O nome pomposo é “magic studio”, um guarda-chuva que reúne dez produtos.
No novo momento das IAs, a indústria da comunicação aparece potencialmente como uma das afetadas, em várias pesquisas e estudos de mercado. Plataformas como o Midjourney, no Discord, e a Dall-E, da OpenAI, podem embaralhar o meio-campo para um negócio que praticamente não encontrou concorrentes de peso ao longo da última década.
Nos últimos meses, a empresa já havia apresentado algumas funcionalidades, mas o time fica completo agora com a introdução de sete novos recursos. Os produtos incluem:
A empresa não abre os valores investidos para o desenvolvimentos dos produtos. Mas em entrevista à EXAME, Cameron Adams, cofundador e Chief Product Officer, conta que a companhia fez um grande movimento para contar logo com as tecnologias.
"Nós dedicamos uma grande parte da empresa ao desenvolvimento do Magic Studio e para a evolução de nosso produto para a era da IA. Isso significa não apenas gastos financeiros em termos de infraestrutura, etc, mas realmente fazer com que nossas equipes entendam a tecnologia, brinquem com ela, experimentem e descubram como ela pode ser mais útil para nossos clientes", afirma.
Além disso, a empresa trouxe mais engenheiros e especialistas em aprendizado de máquina para os times. "Precisamos que os nossos profissionais tenham uma relação diferente com IA para que consigam incorporá-la rapidamente em nossos serviços".
O Canva acabou de comemorar a sua primeira década de existência, e as novas soluções têm o objetivo de marcar território e sinalizar os próximos passos da empresa para garantir a próxima década. “Eu acredito que apenas arranhamos a superfície em termos de IA como tecnologia. Ainda há muito a desenvolver e aprender sobre isso. O que você vê agora não é o que o produto existirá daqui a 6 meses, um ano ou 5 anos”.
Além da resposta ao mercado, as movimentações da plataforma acompanham o crescimento nos últimos anos. Em 2022, o Canva registrou receita de US$ 1,7 bilhão e o sétimo ano de expansão consecutiva.
A empresa tem conseguido aproveitar a nova onda de interesse pela produção de artes visuais, impulsionada pela digitalização dos últimos anos, consumo de redes sociais e pela adoção pelas empresas.
No ano passado, mais de 65 milhões de novos usuários começaram a usar a plataforma - número que só foi alcançado depois de oito anos de operação. A base do Canva conta com mais de 150 milhões de usuários mensais e mais 16 milhões de assinantes pagantes, como Zoom, FedEx, Salesforce, PayPal e Reddit.
O Brasil é o segundo maior mercado para a empresa, perdendo apenas para os Estados Unidos. De acordo com Adams, a plataforma cresce no país tanto entre os usuários individuais quanto com as empresas. "O Brasil é um dos nossos maiores mercados e tem uma das taxas de crescimento mais rápido", afirma.