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Um ano e meio após delação, irmãos Batista estão R$ 2,5 bi mais ricos

Valor de mercado da JBS - quase R$ 32 bilhões - é 23% maior que no dia 17 de maio de 2017, quando se tornaram públicas as gravações de Joesley com Temer

Gravações do empresário com o presidente sacudiram o mundo político (Adriano Machado/Reuters/Reuters)

Gravações do empresário com o presidente sacudiram o mundo político (Adriano Machado/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de dezembro de 2018 às 13h25.

Última atualização em 2 de dezembro de 2018 às 13h27.

São Paulo - Um ano e meio após as delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista virem à tona, a JBS, dona da Friboi, voltou a se recuperar - e os dois estão R$ 2,5 bilhões mais ricos.

Hoje, o valor de mercado da empresa - quase R$ 32 bilhões - é 23% maior que no dia 17 de maio de 2017, quando as gravações de Joesley com o presidente Michel Temer tornaram-se públicas. As ações nas mãos dos Batistas, que detêm 40,6% da companhia, somam hoje R$ 13 bilhões.

Um dos maiores produtores de carne bovina do mundo, o grupo também teve seu nome envolvido, em março do ano passado, na Operação Carne Fraca, que investiga irregularidades e pagamentos de propinas a agentes do Ministério da Agricultura. Mesmo com a reputação arranhada, o grupo conseguiu blindar sua operação e aumentar as vendas da companhia.

Para conter a crise e evitar o desmanche do império da família, Joesley e Wesley deixaram, em maio de 2017, o conselho de administração da JBS e de outras empresas sob o comando da holding J&F. Desde então, passaram a negociar diretamente com bancos e investidores a venda de parte de seus negócios para fazer caixa e evitar a cobrança antecipada de dívidas de cerca de R$ 20 bilhões que venciam até 2020.

Entre maio e agosto do ano passado, foram vendidos frigoríficos do Mercosul (para o Minerva) e a Alpargatas (para o Itaúsa). No mês seguinte, os irmãos venderam a Eldorado Celulose (para Paper Excellence) e a Vigor (para a mexicana Lala).

Quando os dois irmãos foram presos em setembro passado, José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, pai e fundador da JBS, voltou ao comando da empresa, com o apoio do BNDES, principal sócio do grupo, com 21,3% do negócio.

Os netos de Zé Mineiro - Wesley Batista Filho e Aguinaldo Gomes Ramos - também passaram a integrar o conselho de administração da companhia. Joesley ficou seis meses preso e, seu irmão, cinco meses.

Bancos ouvidos pelo Estado afirmaram que vários investidores tentaram comprar a participação dos Batistas na JBS, mas os irmãos se negaram a vender a totalidade ou parte de suas ações, mesmo com forte prêmio oferecido pelos papéis. O foco desses investidores é comprar a fatia do BNDES.

No dia 18 deste mês, Joesley, Wesley e dois executivos que fizeram delação - Francisco de Assis e Ricardo Saud - serão ouvidos pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da defesa dos delatores.

O ministro vai decidir se acata ou não a decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR) de anular os efeitos das delações porque os donos da JBS teriam ocultado a suposta orientação prestada pelo ex-procurador Marcello Miller à J&F nas negociações, enquanto Miller ainda integrava o Ministério Público. Todos negam.

Prioridades redefinidas

Enquanto os controladores da JBS tentam manter de pé as delações fechadas com a Procuradoria-Geral da República, o comando da companhia voltou a fazer planos para retomar aquisições e abrir o capital da JBS nos Estados Unidos.

Depois de vender vários ativos para reduzir dívidas nos últimos 18 meses, a companhia voltou a analisar ativos para comprar, mas as aquisições, desta vez, serão complementares a suas linhas de negócios. A americana Pilgrim's, controlada pela JBS, está entre as interessadas nos ativos da BRF na Europa e Tailândia. O executivo Guilherme Cavalcanti, diretor financeiro e relações com os investidores da Fibria, está sendo sondado pelo grupo para comandar o IPO da JBS nos EUA, segundo fontes.

Com faturamento de R$ 163,2 bilhões no ano passado, analistas de mercado projetam que a receita da JBS deve encerrar este ano em cerca de R$ 200 bilhões. No terceiro trimestre, o grupo registrou prejuízo líquido de R$ 133,5 milhões, ante lucro de R$ 323 entre julho e setembro do ano passado.

As vendas no mesmo período subiram 20,1%, puxadas pela recuperação das operações no Brasil. Esse recuo refletiu efeitos cambiais e a adesão da JBS a um programa de incentivo fiscal. O mercado projetava resultado negativo de cerca de R$ 900 milhões.

Para Leandro Fontanesi, analista do Bradesco BBI, o bom desempenho operacional da JBS no Brasil e nos EUA, que respondem por mais de 50% das vendas do grupo, impulsionaram as ações da JBS. Não é caso da gigante BRF, dona da Sadia e Perdigão, que mudou a gestão em maio, com a chegada de Pedro Parente, mas ainda tem resultados operacionais ruins. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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