Marcella Cohen, da Poppins: empresa tem o desafio de ganhar escala, mas tratando um milhão de clientes da mesma forma que trata um (Franklin Maimone/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 23 de julho de 2023 às 08h00.
Um dos desafios que chegaram às mães e pais de crianças durante a pandemia foi conciliar, em um mesmo ambiente, o trabalho, a escola e a vida pessoal. Foi um dilema enfrentado por muitas pessoas. Para a administradora de empresas Marcella Cohen, não foi diferente. À época gerente de marketing da Unilever, a executiva tinha uma filha de 4 anos quando a crise de covid-19 estourou.
“A casa virou home office, homeschooling, home-tudo”, diz Marcella.
A executiva passou a refletir sobre como estimular o desenvolvimento de sua filha estando em casa. O assunto já havia ganhado um espaço especial no coração de Marcella desde o início da maternidade, quatro anos antes. Dali até o nascimento da Poppins, sua primeira startup, se passou pouco menos de um ano.
“Eu era a pessoa do mundo corporativo, com muitas ambições”, afirma a empreendedora. “Mas tomei a decisão de me jogar no universo do empreendedorismo, porque me tornei apaixonada pelo ambiente de desenvolvimento infantil”.
A Poppins é um marketplace que conecta famílias que querem estimular o desenvolvimento infantil de seus filhos com educadoras. Hoje, já são 600 famílias cadastradas e 800 profissionais, que precisam, necessariamente, serem formadas em psicologia, pedagogia ou letras.
O atendimento é domiciliar. A família coloca as necessidades que tem e o sistema da Poppins faz a curadoria para selecionar quais as educadoras que se encaixam. Depois, são feitas entrevistas intermediadas pela startup para escolher a profissional que cuidará do filho. Há planos de dois a cinco dias por semana.
“Com a educadora selecionada, elaboramos um plano de desenvolvimento”, diz Marcella. “Se a mãe fala que a criança precisa ter aquisição de fala e melhorar a psicomotricidade e que gosta de música, fazemos uma sequência de atividades que vão atender a essas demandas”.
No primeiro ano de funcionamento, a Poppins faturou 283.000 reais. Em 2022, já atingiu seu primeiro milhão em faturamento: foram 1,1 milhão de reais. Agora, querem fechar 2023 com um crescimento de 20%, chegando a cerca de 1,3 milhão de reais faturados.
O processo para contratar uma educadora começa com a família acessando a plataforma da startup e colocando as necessidades de seus filhos no cadastro. Depois, a Poppins identifica quais as educadoras que melhor podem atender a criança, e marcam a entrevista.
Quando a educadora é escolhida, é feito o plano de atividade. Ele envolve atividades como música, línguas, psicomotricidade e questões pedagógicas.
O pagamento é por planos, com renovação mensal ou anual. A comunicação com as famílias também acontece por um aplicativo, onde são informados os portfólios de atividades, os dias em que a educadora vai para a casa e o boleto.
“Somos uma empresa que trabalha com crianças a partir dos quatro meses, que é quando muitas mães voltam de licença-maternidade, até os quatro anos”, diz Marcella. “Depois dos quatro anos, não atendemos porque é quando a criança precisa ir para uma escola. A gente trabalha antes da obrigatoriedade da escola. Somos complementares, não substitutos. Não somos homescholling”.
Hoje, a Poppins atua em São Paulo e no Rio de Janeiro. A origem do nome Poppins faz referência ao filme Mary Poppins, da Disney.
Para crescer nos próximos meses e anos, a Poppins tem um plano estruturado de lançamentos.
Além disso, começam a estruturar uma rodada de captação para ano que vem.
Marcella elenca como a principal dificuldade do negócio a responsabilidade de cuidar de crianças pequenas. A empresa estuda como manter a qualidade do serviço personalizado ao passo em que ganha escala.
“Vamos crescer, mas de forma responsável”, diz Marcella. “Temos que tratar um milhão da forma que tratamos um”.