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Uber da saúde: o plano do Fleury para ganhar espaço no seu celular

App lançado pelo grupo quer reunir resultados de exames, telemedicina, venda de remédios e até de alimentos

Fleury anuncia nova aquisição enquanto aguarda aprovação da fusão com Hermes Pardini (Fleury/Divulgação)

Fleury anuncia nova aquisição enquanto aguarda aprovação da fusão com Hermes Pardini (Fleury/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 19 de outubro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 13h02.

O Fleury está empenhado em deixar de ser apenas uma empresa de diagnósticos. Recentemente, colocou no ar uma aposta na qual investiu 50 milhões de reais e que estava sendo gestada há anos. É a Saúde ID, uma plataforma de saúde cujo objetivo é conectar pessoas e serviços de saúde – um pouco como o Uber faz com o transporte.

A meta do Fleury com a novidade é manter sua relevância no setor. “É uma iniciativa que tem tudo a ver com a estratégia do grupo, que é estar no dia-a-dia das pessoas promovendo bem-estar. Fazemos isso hoje com o conhecimento através dos diagnósticos, mas acaba sendo algo pontual. Com o app, estamos a um toque de distância, e o cliente pode interagir conosco a qualquer momento. A ideia é oferecer uma experiência de saúde mais digital, inclusiva e sustentável”, afirma o presidente do Fleury, Carlos Marinelli.

O negócio já está funcionando e começou com uma carteira relevante, com 7 milhões de vidas, sendo 3 milhões atendidas pelo Fleury e 4 milhões atendidas pela Santécorp, que atua na gestão de saúde em empresas e foi comprada pelo Fleury em 2018. Também trabalha em uma versão voltada diretamente ao consumidor final.

Porém, agora, o principal foco dos executivos à frente da Saúde ID é buscar parceiros interessados em oferecer serviços na plataforma. “Se o Uber não tivesse usuários, não teria motoristas. Se não tivesse motoristas, não teria usuários. É assim que funciona o modelo de plataforma. Então, temos uma massa grande de usuários e estamos atraindo parceiros para oferecer soluções a eles. E nós entramos com a ciência de dados para fazer o match entre usuário e parceiro”, diz Eduardo Oliveira, CEO da Saúde ID.

Por enquanto, a plataforma conta com tecnologia para a realização de consultas via telemedicina e alguns outros serviços voltados aos médicos. Para o usuário final, um dos principais serviços é a unificação das informações, com exames em um só lugar, facilitando o acompanhamento da própria saúde.

No futuro a ideia é oferecer uma gama ampla de serviços, dentre eles venda de medicamentos ou até alimentos recomendados pelo médico, como em um marketplace. A plataforma também pretende ajudar o paciente a encontrar o médico mais indicado para atendê-lo.

Para atrair o maior número possível de parceiros, a Saúde ID vai funcionar como uma empresa separada do laboratório. “Somos apartados do grupo para que não haja nenhuma barreira, e a concorrência possa oferecer seu serviço através da plataforma”, diz Oliveira.

Com a plataforma, o Fleury entra firme em mercado em expansão, que é o da promoção da saúde. Os investimentos na plataforma continuam e serão parte importante do capex do grupo nos próximos anos.  A pandemia do novo coronavírus acendeu o alerta sobre a necessidade de as pessoas se cuidarem. “Precisamos de um olhar de sustentabilidade para a saúde e colocar mais recursos em ações que deixem as pessoas saudáveis. Se não gerenciamos bem esses recursos, teremos menos saúde para menos pessoas”, afirma Marinelli.

O grupo não é o único que olha para o tema. Recentemente, a rede de drogarias RD - Raia Drogasil anunciou o lançamento de um marketplace de saúde. Para o presidente do Fleury, o aquecimento do mercado é positivo. “Não adianta querermos a transformação digital na saúde sozinhos. É positivo que outros abracem essa ideia, isso vai trazer mudanças no comportamento do consumidor”, diz.

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