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TV ou 'celular de 60 polegadas'? Grupo RIC, do PR, aposta em tecnologia para interação com audiência

Maior afiliada da RecordTV, o Grupo aposta em tecnologia para espectadores interagirem com programas e anúncios. Em dois anos, 12% dos anunciantes já migraram para o novo formato

Leonardo Petrelli, do Grupo RIC: "Enquanto o governo e as demais emissoras estão debatendo sobre o potencial da TV 3.0, a RICtv Record transformou esse potencial em realidade" (Divulgação/Divulgação)

Leonardo Petrelli, do Grupo RIC: "Enquanto o governo e as demais emissoras estão debatendo sobre o potencial da TV 3.0, a RICtv Record transformou esse potencial em realidade" (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 11 de setembro de 2024 às 07h16.

Última atualização em 11 de setembro de 2024 às 08h51.

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Em breve, vai ser comum usar o controle remoto da televisão para votar em enquetes, comprar produtos ou interagir com quem está ao vivo.

A partir do ano que vem, as emissoras de televisão brasileiras poderão migrar para a TV 3.0, um projeto do governo federal para um novo sistema de transmissão de conteúdos.

A promessa é de melhorias em várias frentes:

  • Resolução de 4k e 8k (quatro e oito vezes mais pixels que as tevês Full HD convencionais)
  • Áudio imersivo, melhor que o de sistemas home theater
  • Função de compra em marketplaces e de propagandas segmentadas

Em alguns lares do Paraná, boa parte da experiência imersiva prometida pela TV 3.0 já é realidade.

Em 2022, três anos antes dos planos do governo federal, as emissoras de televisão do Grupo RIC começaram a experimentar a tecnologia e já têm bons resultados para mostrar.

Até agora foram 162 campanhas publicitárias com anunciantes regionais e nacionais pelo projeto chamado RICtv Conectada. É 12% dos anunciantes da RIC, cujas quatro emissoras afiliadas à Rede Record cobrem todo o estado.

O primeiro teste veio em fevereiro de 2022, quando o programa Balanço Geral Curitiba lançou a enquete sobre uma questão regional polêmica na área de mobilidade, sobre o transporte por ferry boat que liga os municípios litorâneos de Matinhos e Guaratuba.

Pelo controle remoto, orientados pelo apresentador, 1.217 das 5.081 tevês conectadas naquele minuto responderam à pergunta, clicando no banner que surgiu na televisão.

"A interação foi de 24%, muito expressiva. A média de engajamento em redes sociais em conteúdos orgânicos é de 3%", diz a head de growth marketing do Grupo RIC, Laila Sol.

A tecnologia veio da startup catarinense Zedia.

Por meio de sensores instalados em vários pontos da infraestrutura da RIC, como na ilha de edição das imagens a serem transmitidas, o que até então era uma comunicação unidirecional — do estúdio para a casa do espectador — vira uma comunicação bidirecional, com a audiência podendo interagir com as emissoras de televisão.

Além disso, um app da RIC permite, por exemplo, a telespectador responder a enquetes lançadas pelos apresentadores, ou enviar mensagens para a televisão ou para os anunciantes de um programa da RIC transmitido a uma smart TV.

Como funciona na prática

O resultado é prover uma conexão de baixo investimento para a geradora e zero custo para o usuário de smart tv. Na prática, a tecnologia da Zedia transforma a tevê aberta num celular gigante, de 60 polegadas.

A RICtv Conectada permite que uma campanha publicitária gere engajamento direto com quem assiste, pelo controle remoto. É mais do que acessar o QR Code, um recurso já usado por muitas emissoras na tentativa de dar mais interatividade.

A publicidade começa com banner e o público navega pela comunicação, decidindo se quer saber mais.

Em atrações como o reality regional Repaginando, que aos sábados mostra reformas arquitetônicas de ambientes, foi possível comprar os produtos e serviços de decoração que o programa apresenta apenas usando o controle.

Além da interatividade, a emissora consegue segmentar a publicidade por região, em um raio de 10 quilômetros.

Com isso, foi possível montar peças publicitárias hipersegmentadas para cada município da área de cobertura da RIC.

"Enquanto o governo e as demais emissoras estão debatendo sobre o potencial da TV 3.0, a RICtv Record transformou esse potencial em realidade", diz Leonardo Petrelli, presidente do Grupo RIC.

"Não estamos apenas acompanhando as tendências – estamos definindo-as."

O Brasil tem 200 milhões de pessoas assistindo televisão, sendo 51% em tevê aberta. Além disso, 90% da população brasileira têm acesso à tevê digital e 50% dos aparelhos de tevê já estão conectadas à internet. A RICtv Conectada já tem quase meio milhão de domicílios ligados.

O que é o Grupo RIC

Leonardo Petrelli é um dos fundadores do Grupo RIC, um dos principais grupos de comunicação do Paraná, sediado em Curitiba desde 1987.

Sob o guarda-chuva do grupo estão:

  • 4 emissoras de televisão afiliadas à RecordTV
  • 6 concessões de rádios com as marcas Jovem Pan e Folha FM
  • 2 portais de internet: RIC Mais e R7 Paraná
  • Revista TopView

Ao total, os veículos geram uma audiência mensal de 190 milhões de acessos só no Paraná. No estado vizinho de Santa Catarina, outro integrante da família Petrelli, Marcello, irmão de Leonardo, comanda a NDTV, conglomerado também filiado à RecordTV.

A ambição de Petrelli é transformar tudo isso numa mediatech focada em conteúdos feitos por paranaenses — ou com algum apelo àquele mercado.

A aposta em tecnologia tem colaborado para a receita do Grupo RIC crescer perto de 20% todos os anos desde 2019, quando o faturamento girou ao redor de 100 milhões de reais.

Desde então, o Grupo investiu 20 milhões de reais em inovação. Daqui para frente, quer reforçar o contato com startups para encontrar novas tecnologias.

Em maio de 2022, o Grupo criou o Quintal Ventures, um fundo de investimento em startups com alguma conexão com a realidade paranaense.

A expectativa é de aportes de 10 milhões de reais num intervalo de cinco anos. Entre os aportes está o feito na startup Bits, de tecnologia para os times jurídicos das empresas, anunciado em julho.

Como advisor do fundo está Eduardo Petrelli, filho de Leonardo, alumni da Universidade Stanford, na Califórnia, e fundador do app de delivery James (vendido ao Pão de Açúcar em 2018) e da foodtech Diferente.

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