Negócios

"Trimestre épico": Magalu tem recordes e Netshoes lucra pela 1ª vez

A Netshoes viu as vendas crescerem, com maior procura de equipamentos para a prática de atividades físicas em casa e o Magazine Luiza busca aquisições

Magazine 

Foto: Germano Lüders
16/04/2020 (Germano Lüders/Exame)

Magazine Foto: Germano Lüders 16/04/2020 (Germano Lüders/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 18 de agosto de 2020 às 17h22.

Última atualização em 18 de agosto de 2020 às 17h55.

Mais uma vez, o Magazine Luiza bateu recordes em seus resultados. As vendas totais chegaram a 8,6 bilhões de reais, alta de 49% no segundo trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado. A empresa também gerou 2,2 bilhões de reais em caixa operacional, chegando a uma posição de caixa de 5,8 bilhões de reais em caixa líquido.

"Foi um trimestre épico. Estamos animados com o terceiro e o quarto trimestres", afirmou o presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, em teleconferência com investidores hoje. Como consequência, as ações estão em alta de 9,25% às 17 horas de hoje, uma das maiores altas da bolsa. 

O grande destaque foi o crescimento do comércio eletrônico. Do total de vendas, 78%, ou seja, 6,7 bilhões de reais, vieram do comércio eletrônico, após uma expansão anual de 182%. Se o Mercado Livre não existisse, esse desempenho equivaleria a alcançar, ao mesmo tempo e pela primeira vez, a liderança em vendas de bens duráveis, em e-commerce e ainda em varejo esportivo. Trocando em miúdos: ultrapassar de uma só vez a Via Varejo, a B2W e a Centauro. 

"Não são muitos os momentos da vida em que vemos as coisas virar de cabeça para baixo, obrigando as empresas a se adaptarem rapidamente. Não são muitas as empresas que vemos fazendo limonada com limão como o Magazine Luiza fez. A empresa acelerou o volume geral de vendas consolidado, cresceu 2,6 vezes acima do mercado online, recuperou a lucratividade no trimestre e gerou caixa. Ou melhor, gerou muito caixa", escreveu o Credit Suisse em relatório. 

O ganho do ecossistema para a Netshoes

Não é novidade que as empresas do setor do Magalu buscam construir um ecossistema e agregar novos serviços, categorias de produtos, logística e meios de pagamento ao seu negócio. A integração desses novos negócios no ecossistema Magalu traz grandes ganhos de eficiência para a companhia. Um exemplo é a Netshoes, empresa adquirida em abril do ano passado. Neste trimestre, a empresa de artigos esportivos apresentou lucro pela primeira vez em sua história. 

O trimestre começou sombrio para ela. Em muitos países, a quarentena levou a uma retração nas vendas de vestuário, calçados e itens esportivos — os segmentos em que atuam Netshoes e suas marcas Zatini e Shoestock. O futebol, bem como outros esportes, também havia sido cancelado, impactando a venda de camisas esportivas.

Mesmo assim, a Netshoes viu as vendas crescerem, com maior procura de equipamentos para a prática de atividades físicas em casa. Além disso, a parceria com o Magalu trouxe mais confiança para a empresa, que recuperou produtos, categorias e fornecedores que haviam deixado o negócio. Sem lojas físicas, os produtos Netshoes passaram a ser integrados à malha Magalu e podem ser retirados nas lojas da marca, entre outras sinergias que foram feitas nesse último ano. 

"A tendência para o terceiro trimestre é bastante animadora com ritmo de vendas acelerando tanto nas lojas físicas como no digital, reforçando sua estratégia multicanal. Agora, mais do que nunca, acreditamos ser importante enxergar a floresta e não apenas as árvores", escreveu a Eleven em relatório, falando sobre a construção do ecossistema do Magalu.

De olho em oportunidades

Além das vendas no comércio eletrônico e da integração logística com as lojas físicas, o Magazine Luiza deve dar um passo além. A empresa está se preparando para entrar em novos setores e recentemente anunciou três aquisições, Hubsales, Canaltech e Inloco Media. Com geração de caixa de 2,2 bilhões de reais apenas neste trimestre, a empresa está de olho em novas oportunidades de mercado e mira novas aquisições que podem ser de qualquer setor. "Não temos preconceito. Temos loja física, online, marketplace", diz Trajano.

"O Magazine Luiza não pode se limitar à loja física. O reforço de caixa pode permitir à empresa fazer compras de forma mais barata", diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. A concorrência do Magalu não são só as brasileiras B2W e Via Varejo, mas a Amazon e o Mercado Livre. "O processo de M&A é importante para o Magalu ter êxito", afirma ele sobre mergers and acquisitions, ou fusões e aquisições.

"Graças a uma jornada bem-sucedida nos últimos anos, MGLU deve continuar a ser vista pelos investidores como uma verdadeira empresa de tecnologia e multicanal", escrevem Bruno Lima e Renato Mimica, analistas da EXAME Research em relatório exclusivo para assinantes.

Para o Magazine Luiza, o segundo semestre promete bons resultados e surpresas para o mercado.

Acompanhe tudo sobre:Fusões e AquisiçõesMagazine LuizaNetshoesResultado

Mais de Negócios

Até mês passado, iFood tinha 800 restaurantes vendendo morango do amor. Hoje, são 10 mil

Como vai ser maior arena de shows do Brasil em Porto Alegre; veja imagens

O CEO que passeia com os cachorros, faz seu próprio café e fundou rede de US$ 36 bilhões

Lembra dele? O que aconteceu com o Mirabel, o biscoito clássico dos lanches escolares