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Tricae e Kanui não trocarão de roupa após compra pela Dafiti

Lojas online continuarão com as mesmas marcas, sites, culturas e presidentes. Sinergias serão buscadas por meio do compartilhamento de "boas práticas"


	Dafiti: controlador da varejista online levantou aporte de 150 milhões de euros para fechar negócio
 (Luísa Melo/Exame.com)

Dafiti: controlador da varejista online levantou aporte de 150 milhões de euros para fechar negócio (Luísa Melo/Exame.com)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 3 de julho de 2015 às 15h15.

São Paulo - De olho em novos públicos no mercado brasileiro, o GFG, controlador da Dafiti, comprou as lojas online Kanui, de materiais esportivos, e Tricae, de artigos infantis.

Para fechar o negócio, foi levantado um aporte de 150 milhões de euros (algo em torno de 515 milhões de reais), segundo o grupo. 

A transação, porém, não deve trazer nenhuma alteração imediata para os consumidores nem para os trabalhadores das três empresas.

"A pior coisa que podemos fazer agora é mudar tudo. A Kanui e a Tricae têm fundadores fortes e equipes dedicadas para perfis segmentados e essa é a razão do sucesso delas", diz Philipp Povel, presidente de operações do GFG e co-fundador da Dafiti.

Segundo o executivo, a nova holding buscará sinergias por meio do compartilhamento de "boas práticas". "Obviamente tentaremos unificar alguma coisa, mas isso não significa que vamos cortar funcionários", garante.

As empresas manterão suas marcas e presidentes atuais e continuarão a ter seus próprios centros de distribuição e SACs.

"Pessoas de uma companhia poderão acumular posições em outra e em algum momento a plataforma deve ser unificada, mas os sites para o cliente permanecerão independentes", afirma.

De acordo com ele, não há nenhuma intenção de unir os três e-commerces em um único endereço e nem de lançar lojas físicas da Kanui e da Tricae, nicho no qual a Dafiti se aventurou recentemente.

Com a aquisição, o portfólio do GFG crescerá de 110.000 para 170.000 produtos diferentes. Alguns deles, agora, poderão ser compartilhados pelas três empresas. Ou seja: itens hoje vendidos pela Kanui, poderão ser oferecidos também pela Dafiti, por exemplo.

"Mas isso vai ser estudado com muito detalhe, porque o posicionamento das marcas é e continuará sendo diferente", explica Povel.

E o resultado?

Apesar de ter crescido 41% em faturamento em 2014 e mirar "um número agressivo" neste ano, a Dafiti ainda não lucra. Seu prejuízo líquido chegou a 223 milhões de reais no ano passado.

A compra da Tricae e da Kanui pelo seu controlador "teoricamente vai acelerar" a busca por um resultado positivo, mas o objetivo da transação não é esse, segundo Povel.

"Queremos ganhar relevância nessas outras categorias, que são muito atrativas e têm uma margem para crescimento muito bom, principalmente no segmento para crianças (área da Tricae)".

O executivo acredita que o GFG tem capacidade para operar as três varejistas online ao mesmo tempo e que pode trazer melhorias para as recém-adquiridas.

"Nosso negócio é de grande escala, temos uma estrutura complexa e cara, uma máquina que funciona tanto para 10.000 pedidos quanto para 100.000", diz.

O GFG (Global Fashion Group) foi criado pelos fundos de investimento Kinnevik e Rocket Internet em 2014 e já abarcava, além da brasileira Dafiti, a Jabong, da Índia, Lamoda, da Rússia, Namshi, do Oriente Médio e Zalora, da Ásia e Austrália.

O Rocket Internet, entretanto,  já era sócio da Tricae e da Kanui. Com a aquisição das duas empresas, ele passa a ter uma participação de 21,9% no GFG, enquanto o Kinnevick fica com uma fatia de 25%.

Após a transação, o GFG terá cerca de 5 milhões de clientes na América Latina e empregará aproximadamente 3.100 funcionários, 2.400 deles no Brasil.

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