A década da agilidade: um movimento acelerado com a pandemia (Klaus Vedfelt/Getty Images)
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Publicado em 19 de novembro de 2021 às 09h00.
Última atualização em 15 de dezembro de 2021 às 19h10.
Numa era de novas tecnologias e modelos de negócios disruptivos, a frase de Charles Darwin nunca fez tanto sentido: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.
Está em jogo a competência de uma organização para antecipar tendências e necessidades, adaptar-se às mudanças do mundo e acelerar transformações do negócio, o que passa, mas não termina, no investimento em novas tecnologias.
“Antecipar, adaptar e acelerar: este é o triplo A que usamos para definir o conceito de business agility”, afirma Edivandro Conforto, especialista em Business Transformation e Business Agility, e Líder para América Latina na Accenture.
Não que o termo seja novo. Desde a década de 1970 já há empresas desenvolvendo práticas que contribuiam para mais agilidade e flexibilidade. Mas a virada do milênio marcou o momento em que modelos e ferramentas como scrum, kanban e gestão lean, deixaram de ser apenas uma forma de trabalhar da “área de TI” para entrar para a estratégia do negócio de uma vez por todas.
Hoje todo mundo quer ser digital e se beneficiar da transformação digital. O que é preciso perceber é que, além da tecnologia, há um mindset de agilidade e uma obsessão por um modelo operacional ágil e com foco no cliente, algo que está por trás das grandes referências de mercado como Amazon, Apple, Facebook, Google, Microsoft, Netflix e Salesforce.
Com a pandemia, iniciou-se o que o especialista está chamando de “a década da agilidade nos negócios”. A necessidade de adaptação das empresas tornou-se urgente, uma questão de sobrevivência.
“Quem ainda não começou a rever seus processos e forma de trabalho, está atrasado", diz Conforto. Além da experiência de mercado, a opinião do executivo baseia-se na pesquisa Business Agility Report, conduzida pelo Business Agility Institute em parceria com a Accenture SolutionsIQ, que examinou dados de 359 organizações, abrangendo 28 setores e 53 países.
Em comparação com o ano de 2019, o estudo observou mais organizações iniciando seus negócios com jornadas ágeis e uma percepção de maturidade neste processo muito maior (aumento médio de 15% pós-covid-19). Entre os aspectos percebidos estão mudanças nos recursos humanos, mais foco no cliente e mais projetos envolvendo práticas ágeis.
Do mesmo estudo, podemos entender que uma mudança em direção a um modelo operacional mais ágil depende da percepção da liderança e do impacto sistêmico que ela provoca. Processos, práticas, atitudes e valores de negócios enraizados não mudam fácil ou rapidamente.
“A transformação ágil é uma jornada contínua para ganhar flexibilidade, aprender rápido, preparar pessoas, ter processos e estruturas que possibilitem responder às mudanças com agilidade e efetividade”, diz Conforto.
O executivo destaca ainda que o modelo de budgeting anual precisa ser repensado para dar mais autonomia para os times pilotarem inovações. “As pessoas não querem mais trabalhar em modelos engessados, e em empresas extremamente hierarquizadas e burocráticas, onde não podem criar e onde tudo demora muito e requer inúmeras aprovações .”
Por fim, destaca Conforto, é importante trabalhar no que o executivo chama de “fluxo de valor”. "Significa quebrar a visão hierarquizada e de silos das empresas, para trabalhar de forma mais colaborativa e com metas de desempenho que reflitam uma visão compartilhada de sucesso.”