Empregado com máscara em fábrica: empresas afirmam que funcionários usam proteção a todo o tempo (China Daily/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de abril de 2020 às 08h17.
Última atualização em 14 de abril de 2020 às 08h17.
Com mudanças na produção e no transporte de funcionários, parte da indústria gaúcha retomou as atividades, em plena escalada da epidemia de coronavírus.
Apesar de a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) não ter até o início da noite desta segunda-feira, 13, um balanço sobre o funcionamento das fábricas, segundo o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), que conta com mais de 3,3 mil indústrias em 17 municípios da serra gaúcha, quase todos os associados voltaram a produzir desde a semana passada. Outros sindicatos patronais, como o têxtil, haviam aderido à mesma iniciativa.
Nesta segunda, a retomada parcial da produção de multinacionais, como Marcopolo, Randon e Tramontina, deu escala maior ao movimento de reabertura de fábricas. Na Tramontina, 5,8 mil dos 8,5 mil funcionários da companhia voltaram hoje a trabalhar nas unidades de Carlos Barbosa, Garibaldi e Farroupilha. Eles estavam parados desde 23 de março, afirmou a empresa.
Segundo o Simecs, apenas os funcionários do grupo de risco ampliado - que incluem mães com filhos sem aulas e os que convivem com idosos, além dos mais suscetíveis à doença - não trabalham. Já a fabricante de carrocerias Marcopolo e a de peças automotivas Randon, cujas principais fábricas ficam em Caxias do Sul e estavam em férias coletivas também desde o dia 23 de março, retomaram as atividades com 25% do pessoal, obedecendo o decreto municipal que limitou o número de funcionários nas unidades.
Em outras unidades da Randon, a retomada acontece conforme conclusão das férias ou autorizações dos municípios. Em Joinville, por exemplo, as operações foram retomadas na semana passada, mas não em sua totalidade.
A Randon Araraquara retornará com 100% da capacidade, em 21 de abril, após férias coletivas. Já a Randon Triel, em Erechim, retoma suas operações em 100% a partir de hoje. A Marcopolo não retornará a produção no Rio de Janeiro, mais atingido pela pandemia.
O Rio Grande do Sul é o 14.º Estado com maior incidência de coronavírus do País. Segundo o boletim do dia 12 de abril da secretaria municipal de Saúde de Caxias, principal cidade da região, foram registrados 34 casos confirmados e outros 20 casos suspeitos, aguardando laudo. Houve duas mortes. A cidade tem pouco mais de 500 mil habitantes. "Nossa principal preocupação é com a saúde pública e estamos trabalhando de perto com as secretarias de saúde das prefeituras", diz Daiane Catuzzo, diretora executiva do Simecs. "Se houver agravamento da situação podemos voltar atrás (na retomada da produção)."
Marcopolo e Randon, que tiveram unidades fechadas - e reabertas - na China, usaram parte da experiência no Brasil. Entre as mudanças trazidas, por exemplo, foi reforçada a limpeza de vestiários, restaurantes e banheiros e áreas comuns. Além de verificar a temperatura dos trabalhadores na entrada das fábricas, elas ampliaram a estrutura dos atendimentos ambulatoriais.
Nos postos de trabalho também aumentou a distância entre os funcionários, com a demarcação dos lugares. O número de ônibus que os levam às fábricas também é maior e as viagens são feitas com metade da ocupação. Eles também estão sendo higienizados entre os percursos e os trabalhadores usando máscaras todo o tempo.
No caso da Marcopolo, os funcionários convocados ao trabalho "foram selecionados de acordo com as necessidades para atender o planejamento de produção definido para este período", informou a empresa, em nota. Colaboradores considerados em grupo de risco, os que precisam cuidar de filhos cujas escolas estão fechadas ou responsáveis por idosos continuaram afastados.
Em comunicado, a Randon afirmou que, neste momento, "também é preciso contribuir com ações que possam minimizar os impactos na economia local e global". Para a empresa, a retomada de sua produção é fundamental, pelo fato de "o transporte de cargas ser um serviço essencial, principalmente para o abastecimento de comida, de medicamentos e de outros insumos primordiais".