Minério de ferro: Trafigura está avaliando oportunidades principalmente em projetos de mineração no Brasil (REUTERS/Beawiharta)
Da Redação
Publicado em 28 de fevereiro de 2014 às 23h32.
Rio de Janeiro - A Trafigura Beheer BV, a segunda maior trading de metais do mundo, está estudando novos investimentos no Brasil após assumir o controle de um terminal portuário de minério de ferro em um movimento de expansão de suas operações na América do Sul.
A Trafigura, com sede em Amsterdã, está avaliando oportunidades principalmente em projetos de mineração no país que é o segundo maior exportador de minério de ferro do planeta, disse Mariano Marcondes Ferraz, CEO da empresa DT Group, da Trafigura, em entrevista concedida hoje no Rio de Janeiro. A empresa pode estudar a compra de minas ou ajudar os atuais produtores a impulsionar sua capacidade de produção por meio do financiamento de expansões, disse ele.
“Nós estamos buscando mais investimentos”, disse Ferraz, 48, sem fornecer mais informações sobre qualquer possível negócio. “Naturalmente, a mineração é alvo do grupo”.
A Trafigura está construindo uma sede regional para commodities em Montevidéu, Uruguai, onde manterá sua base de operações na América do Sul para os setores de petróleo, minério e metais. A trading de capital fechado, juntamente com a sócia Mubadala Development Co., concluiu hoje a aquisição de uma participação de 65 por cento no Porto Sudeste, de Eike Batista, no Brasil, por US$ 400 milhões, ganhando um ponto de saída para exportar o minério de ferro extraído do estado de Minas Gerais com destino à Ásia e à Europa.
O Porto Sudeste, localizado na Baía de Sepetiba, 90 quilômetros a oeste do centro do Rio, atingirá sua capacidade anual total de 50 milhões de toneladas de minério de ferro em 2016 e deverá iniciar as operações em agosto, disse Ferraz, que é membro do conselho da unidade portuária. Isso representaria um atraso de quase três anos em relação às estimativas mais otimistas de Batista.
‘Oportunidade única’
“Foi uma oportunidade única”, disse Ferraz a respeito da aquisição. “A maior parte dos terminais de commodities pertencem exclusivamente a empresas e não tenho certeza se algum deles está à venda”.
A Porto Sudeste do Brasil, empresa que controla o terminal, está negociando com produtores de minério de ferro não revelados o uso de seu terminal para embarcar a commodity e terá cerca de 400 empregados assim que concluir a fase de ramp up (consolidação da instalação), disse Ferraz. A unidade, que contratou o ex-executivo da Vale Eugenio Mamede para liderar as operações, está realizando estudos sobre a viabilidade de usar o porto para embarcar também commodities agrícolas ou outras cargas a granel.
A Trafigura iniciou as operações de minério de ferro em 2009 e no ano passado comercializou 4,3 milhões de toneladas globalmente, incluindo embarques no Brasil e na Austrália.
O ex-bilionário Eike Batista, 57, vem vendendo participações em suas empresas de petróleo, logística, naval e de serviços públicos desde maio, quando não cumpriu objetivos e acumulou dívidas e perdas que o forçaram a cancelar projetos e a se desfazer de ativos.
Outras vendas
Com o negócio de hoje, a Trafigura e a Mubadala são os últimos investidores internacionais a adquirir ativos de Batista depois que a EON SE, da Alemanha, a EIG Global Energy Partners LLC e a Acron AG também adquiriram fatias de seu conglomerado.
A Vale, a maior produtora de minério de ferro do mundo, e a Cia. Siderúrgica Nacional também exportam minério de ferro por meio de seus terminais em Itaguaí, que é ligado a Minas Gerais por ferrovia. No ano passado, o Brasil produziu 415 milhões de toneladas do mineral usado para a fabricação do aço, 110 milhões de toneladas a menos que a Austrália, o maior exportador de minério ferro, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração, o Ibram.