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Trading Nidera encontra rombo de US$ 150 mi no Brasil, diz fonte

A Nidera informou em comunicado que descobriu um “problema contábil” em sua unidade brasileira como parte de uma análise realizada em toda a companhia

Nidera: os prejuízos abalam também a chinesa Cofco, que assumiu o controle da Nidera dois anos atrás (SAULO MAZZONI)

Nidera: os prejuízos abalam também a chinesa Cofco, que assumiu o controle da Nidera dois anos atrás (SAULO MAZZONI)

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Da Redação

Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 17h50.

Londres - A Nidera, uma divisão da maior empresa de alimentos da China, descobriu um rombo de US$ 150 milhões nas contas de sua divisão brasileira, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.

Este é o mais recente revés da trading de grãos após revelar, no início do ano, um prejuízo de quase US$ 200 milhões provocado por um trader desonesto.

Os prejuízos abalam também a chinesa Cofco, que assumiu o controle da Nidera dois anos atrás para criar uma trading global de commodities agrícolas.

A Nidera informou em comunicado que descobriu um “problema contábil” em sua unidade brasileira como parte de uma análise realizada em toda a companhia.

A trading de grãos holandesa descreveu o problema como um “exagero” do balanço, sem dar mais detalhes.

A pessoa familiarizada com o assunto, que pediu para não ser identificada porque a informação é confidencial, também preferiu não fornecer outros detalhes.

“Devido ao possível impacto sobre os compromissos [covenants] bancários, a Nidera informou a seus credores e a Cofco assegurou o apoio financeiro necessário para garantir o cumprimento dos compromissos”, afirmou a companhia, na quarta-feira.

O Financial Times foi o primeiro a publicar matéria sobre o problema contábil.

A trading de grãos holandesa já havia revelado neste ano que em 2015 sofreu seu primeiro prejuízo anual em cinco anos devido ao impacto provocado por um trader desonesto em seus negócios de biocombustíveis, segundo comunicados feitos na Holanda.

A trading atualizou as contas de 2014 e 2015 e alterou seu ano financeiro. No período de 15 meses até o fim de dezembro de 2015, a Nidera perdeu US$ 135 milhões.

O valor contrasta com o lucro de US$ 42,9 milhões registrado no período de 12 meses que terminou em 30 de setembro de 2014.

Para evitar a violação de compromissos de crédito, a empresa holandesa tomou US$ 40 milhões emprestados da Cofco após os prejuízos com biocombustíveis, informou a trading em comunicado regulatório enviado à Câmara Holandesa de Comércio em julho.

A Cofco comprou 51 por cento da Nidera em 2014, negócio que avaliou a trading de grãos holandesa em US$ 4 bilhões, incluindo dívida, disse uma pessoa com conhecimento sobre o assunto na ocasião.

O restante da empresa com sede em Roterdã, criada em 1920, era controlado pelas famílias fundadoras até este ano, quando a Cofco anunciou um acordo para a compra do restante do grupo.

Ao integrar a Nidera à Cofco International, que inclui os ativos agrícolas da Noble Agri, o grupo estatal chinês busca criar uma gigante global capaz de competir com empresas como Archer-Daniels-Midland, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus.

As quatro empresas, que são as maiores tradings de grãos do mundo em volume, são conhecidas coletivamente como “ABCD”.

Os problemas no Brasil não afetarão a integração entre Nidera e Cofco International, disse Bert Ooms, porta-voz da Nidera.

A aquisição plena da Nidera pela Cofco ainda aguarda aprovação final na Austrália, acrescentou.

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