Tractebel: geradora de energia tem perspectiva de que os preços de energia continuem altos (Arquivo Tractebel Energia/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2014 às 15h09.
São Paulo - A Tractebel Energia, maior geradora de energia privada do país, deve ter recuperação nos resultados financeiros no segundo semestre após um fraco desempenho na primeira metade do ano, e fechar 2014 ainda com performance sólida, segundo a expectativa da direção da companhia.
"A gente deve ter uma recuperação bastante boa na segunda metade do ano ... Estamos em uma situação hidrológica ruim, isso vai afetar sim o resultado da companhia, mas ela vai continuar tendo um resultado no final do ano satisfatório", disse o diretor financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Eduardo Sattamini, em teleconferência sobre os resultados.
A Tractebel Energia foi afetada negativamente no primeiro semestre de 2014 por ter alocado a maior parte da sua energia para entrega no segundo semestre do ano, dentro da sua estratégia de comercialização.
Além disso, como as hidrelétricas brasileiras geraram bem menos que suas capacidades para poupar o nível dos reservatórios em momento de estiagem, geradoras estão tendo que arcar com a compra de energia a custos altos no curto prazo para cumprir contratos.
A Tractebel registrou um lucro líquido de 363 milhões de reais no primeiro semestre, uma redução de 51,5 por cento ante os 749 milhões de reais no mesmo período do ano passado.
A geradora de energia tem perspectiva de que os preços de energia continuem altos e, dentro da sua estratégia de comercialização, não está vendendo energia própria para 2015 e 2016 no mercado livre, já que chegou a um limite para manter uma reserva que evite que fique exposta à compra de energia de curto prazo nesses períodos.
"Olhando para o longo prazo, existe já uma percepção do mercado de que os preços tendem a subir diante da necessidade de outras fontes que não a hídrica, que é mais barata que as demais", afirmou Sattamini.
O Brasil está com a maioria de suas termelétricas acionadas desde 2012 para ajudar no fornecimento de energia elétrica do país, já que as chuvas têm sido escassas para abastecer os reservatórios das hidrelétricas e, como consequência, o preço de energia tem se mantido alto.
Segundo Sattamini, nas negociações bilaterais, a Tractebel tem buscado contratos de cerca de 5 ou 6 anos para a venda da energia, e tem observado uma elevação sistemática nos preços de energia negociados para 2017, 2018 e 2019.
"A cada 15 dias, 20 dias, os preços estão um pouquinho mais altos", disse Sattamini, ao acrescentar que, atualmente, os preços médios nessas negociações de longo prazo estão entre 140 e 145 reais por megawatt-hora, com tendência de aumento.
Projetos da companhia
A Tractebel ainda não tem uma expectativa clara sobre como ficará o fornecimento de gás natural para a termelétrica William Arjona a partir de 2015, quando acaba o contrato em vigor com a Petrobras, mas considera que o assunto tende a ser resolvido diante da necessidade da geração termelétrica.
"A gente acha que vai, de alguma maneira, ter boa vontade das autoridades para fazer uma renovação desse contrato", disse.
A empresa também espera liberação de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o projeto de ampliação da térmica a biomassa UTE Ferrari.
A expectativa é de que o financiamento cubra entre 70 a 80 por cento dos gastos na expansão do projeto, orçado em 85 milhões de reais. A termelétrica, localizada em Pirassununga (SP), tem 65,5 megawatts (MW) de capacidade instalada e passaria a ter 80,5 MW após a ampliação.
A Tractebel também deu entrada no BNDES com a solicitação de apoio financeiro para o complexo eólico Santa Mônica, no Ceará, orçado em 460 milhões de reais e com previsão de entrar em operação em 2016. O empreendimento, composto por quatro parques, terá capacidade instalada total de 97,2 MW.
Jirau
A participação da GDF Suez na hidrelétrica de Jirau não deverá ser transferida à Tractebel Energia antes de 2015. A Tractebel é controlada pela GDF Suez, empresa que detém 40 por cento de participação em Jirau.
Atualmente, 10 turbinas da usina estão em operação (750 MW) e, segundo a gerente de Relações com o Mercado da GDF Suez, Anamélia Medeiros, a estimativa é de que entre 20 e 24 turbinas estejam em operação até o final do ano.
O cronograma para entrada em operação de turbinas está atrasado, após tumultos ocorridos no canteiro de obras no passado. A Energia Sustentável do Brasil, empresa responsável pela usina, intensificou o trabalho em turnos noturnos para acelerar as obras.
Questionada sobre o valor atualizado do investimento total na hidrelétrica, Anamélia disse que a empresa optou por não divulgar mais esse dado, diante de discussões com seguradoras por recebimento de valores. O investimento no projeto era estimado em 17,4 bilhões de reais, segundo os últimos dados apresentados pela companhia com base em dezembro de 2013.
A GDF também estuda os projetos das hidrelétricas do rio Tapajós, mas ainda não decidiu se participará do leilão da hidrelétrica São Luiz do Tapajós, previsto para o final do ano.