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Trabalhadores rejeitam proposta final da Boeing para encerrar greve, diz sindicato

Greve que envolve mais de 32 mil trabalhadores pode custar bilhões à Boeing e pressionar suas finanças já fragilizadas

Proposta da Boeing foi negada pelos funcionários e o limite da negociação está próximo. (Jason Redmond/AFP)

Proposta da Boeing foi negada pelos funcionários e o limite da negociação está próximo. (Jason Redmond/AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 24 de setembro de 2024 às 09h35.

A Boeing enfrenta uma situação delicada com seus trabalhadores em greve, depois que o sindicato que os representa, a Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais (IAM), recusou votar a proposta final da empresa. A oferta, apresentada na última segunda-feira, 23, incluía um bônus de ratificação de US$ 6 mil (R$ 33,06 mil), melhorias no plano de aposentadoria e o retorno de um bônus de desempenho, caso fosse aceita até a próxima sexta-feira, 27. As informações são da Reuters.

A greve teve início em 13 de setembro e envolve mais de 32 mil trabalhadores de Portland e da região de Seattle, sendo a primeira greve da categoria desde 2008. Os trabalhadores rejeitaram uma oferta anterior da Boeing que oferecia um aumento salarial de 25% ao longo de quatro anos, além da promessa de que um novo modelo de aeronave seria fabricado na região de Seattle. Na votação, mais de 90% dos trabalhadores rejeitaram o acordo.

Pressão sobre a Boeing

A Boeing está sob pressão crescente para resolver a greve, que pode custar bilhões de dólares à empresa, afetando suas já comprometidas finanças e potencialmente levando a uma piora em sua avaliação de crédito. A empresa já começou a implementar medidas para mitigar os impactos financeiros da paralisação, como a suspensão de novas contratações e a implementação de períodos de licença para milhares de funcionários nos Estados Unidos. Os trabalhadores afetados terão uma semana de licença a cada quatro semanas, enquanto a greve continuar.

A greve também afeta diretamente a produção dos modelos 737 MAX e outros jatos comerciais, responsáveis por grande parte das vendas da Boeing. A companhia, que já enfrenta dificuldades devido à pandemia e a questões técnicas com suas aeronaves, vê o prolongamento da greve como um risco significativo para suas operações.

Na nova proposta, a Boeing se comprometeu a reintegrar um bônus de desempenho, melhorar os benefícios de aposentadoria e aumentar o bônus de ratificação para US$ 6 mil (R$ 33,06 mil). Entretanto, o sindicato argumenta que as questões centrais, como aposentadoria e salários, não foram suficientemente atendidas.

Por outro lado, a Boeing divulgou que a proposta oferecida inclui melhorias significativas e foi apresentada com base em feedbacks do sindicato e dos funcionários. A empresa destaca que a nova oferta foi compartilhada de maneira transparente com todos os envolvidos.

Tendência sindical nos EUA

A greve dos trabalhadores da Boeing é parte de uma tendência mais ampla nos Estados Unidos, onde sindicatos têm conseguido negociações vantajosas devido ao mercado de trabalho mais restrito. Outros setores, como o de pilotos de companhias aéreas e trabalhadores da indústria automobilística, também obtiveram aumentos expressivos em 2023.

Além disso, a IAM enfrenta outro movimento grevista em Wichita, Kansas, onde 5 mil trabalhadores da fabricante de jatos executivos Cessna, parte da Textron, também estão em greve. O aumento da pressão sobre empresas de diversos setores mostra que os trabalhadores têm aproveitado a força de negociação em um ambiente econômico favorável.

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