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Publicado em 10 de junho de 2025 às 08h21.
A Toyota construiu uma cidade do zero no Monte Fuji para testar novas tecnologias e ideias sobre mobilidade e urbanismo. Chamada de ‘Woven City’, ela ocupa uma área de 176 acres onde, anteriormente, funcionava uma fábrica da montadora. A primeira fase foi concluída em 2024 e abriga 360 pessoas, incluindo funcionários, pesquisadores e aposentados.
A expectativa é que o número de moradores chegue a 2.000. A iniciativa, segundo a Fast Company, vai além de uma cidade planejada ou “inteligente”.
O nome Woven City remete à ideia de redes interligadas e também às origens da Toyota na indústria têxtil. A cidade foi projetada para funcionar como um sistema operacional urbano, onde tudo pode ser ajustado com base em dados e experiências reais.
Porta-vozes da Toyota informaram que foi aplicado o conceito de ‘kaizen’ (melhoria contínua) para incentivar os moradores a participarem ativamente das decisões.
“Eles não são apenas usuários, mas cocriadores do que está sendo desenvolvido”, afirma a empresa.
Para captar os dados, a cidade utiliza oficinas e pesquisas com sensores digitais que monitoram o comportamento dos moradores.
Tudo é analisado para melhorar serviços e infraestrutura. Uma caminhada pela praça ou o uso de quiosques pode gerar informações importantes. O projeto serve como um laboratório para testar tecnologias ligadas à mobilidade e à sustentabilidade, segundo a Fast Company.
A Woven City também está servindo como espaço de testes para empresas parceiras da Toyota. A Daikin avalia sistemas de ar condicionado inteligentes. A UCC opera cafés móveis, enquanto a DyDo e a Nissin testam quiosques de alimentação que se adaptam às preferências dos usuários em tempo real.
Os prédios foram construídos com madeira carbono neutro e contam com painéis solares no teto. Toda a infraestrutura essencial, como energia e internet, está instalada no subsolo para garantir segurança e manter o visual limpo. Abaixo do chão, um sistema de túneis de 25 mil metros quadrados é responsável por conectar os prédios e permitir a circulação de robôs e veículos autônomos para coleta de lixo e entregas. Isso mantém as ruas livres e seguras para os pedestres. Carros particulares movidos a gasolina são proibidos.
A energia da cidade está ligada a um sistema híbrido, com painéis solares, células de hidrogênio e cartuchos portáteis que alimentam casas e veículos. Esses cartuchos são leves, fáceis de trocar e garantem energia para aparelhos domésticos por horas.
A proposta da Woven City se apoia em três princípios centrais, segundo a reportagem: começar pequeno e testar rápido, ajustar sistemas com base em dados e envolver moradores como ‘cocriadores’.
Para os idealizadores, a cidade é uma forma de atualizar o pensamento de Jane Jacobs para a era digital. A diferença está em usar a tecnologia para ouvir e responder ao que os moradores realmente vivem no dia a dia.
“Tratar a cidade como um experimento contínuo gera inovação de verdade e mais confiança”, escreveu a Fast Company.