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"Todo incentivo à produção local de aço nos EUA nos favorece”, afirma Gustavo Werneck, CEO da Gerdau

Entre tarifas de Donald Trump e importação chinesa, o presidente de uma das maiores produtoras de aço do mundo comenta à EXAME os desafios e oportunidades do setor dentro e fora do Brasil

Gustavo Werneck, CEO da Gerdau: "A empresa está muito bem-preparada para navegar tanto em cenários difíceis quanto favoráveis. Acreditamos que o segundo semestre de 2025 trará melhorias no mercado” (Leandro Fonseca/Exame)

Gustavo Werneck, CEO da Gerdau: "A empresa está muito bem-preparada para navegar tanto em cenários difíceis quanto favoráveis. Acreditamos que o segundo semestre de 2025 trará melhorias no mercado” (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 14h05.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2025 às 14h39.

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O anúncio de que Donald Trump vai cobrar 25% de tarifas sobre importações de aço e alumínio não trouxe preocupação à Gerdau, gigante brasileira de metalurgia e siderurgia. A companhia brasileira tem operações nos Estados Unidos voltadas para o consumo interno, ou seja, não exporta para os Estados Unidos.

Para Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, a companhia, uma das maiores do mundo em produção de aço, está preparada para enfrentar os desafios do mercado em 2025, com um olhar atento tanto para os Estados Unidos quanto para o Brasil. "Estamos em um momento de observar e de entender essas primeiras decisões tomadas pelos republicanos, mas enxergamos de forma positiva o impacto nos nossos negócios".

O incentivo à produção local, especialmente pelo programa "Buy America", é um fator que pode beneficiar a operação da Gerdau nos Estados Unidos, conta o CEO. "Toda a nossa produção de aço é nos Estados Unidos, é como se fôssemos uma empresa americana. Então, qualquer incentivo para produção local, redução de custos de energia e investimentos em infraestrutura nos favorecem".

Desafios no Brasil: importação de aço chinês e políticas comerciais

No Brasil, a principal preocupação da Gerdau está na concorrência com o aço importado da China. "O governo brasileiro tem sido um pouco lento na implantação de medidas de defesa comercial. Não queremos proteção, queremos que tenhamos condições isonômicas de competição. Hoje, o aço chinês entra no Brasil subsidiado pelo governo chinês e abaixo do custo, o que está contra as leis da Organização Mundial do Comércio".

Outro ponto de atenção é o impacto da alta da taxa de juros na economia brasileira. "Nos preocupa até que ponto essa subida da taxa de juros pode frear setores essenciais para o nosso negócio, como construção civil e mercado automotivo", afirma o CEO.

Metas de diversidade e sustentabilidade

Ao contrário de muitas empresas americanas que estão desconsiderando prática de diversidade, equidade e inclusão, a Gerdau tem investido fortemente no tema. "Nosso programa de Mulheres em Posição de Liderança foi um dos primeiros no Brasil a atrelar metas ao sistema de remuneração de longo prazo dos executivos. Temos metas claras, que evoluem ano a ano, e estamos comprometidos em alcançar esses objetivos".

Entre os objetivos da companhia com diversidade, está a meta para alcançar 30% de mulheres e pessoas negras ocupando posições de liderança até o final de 2025. Em 2023, as mulheres ocupavam 25,6% e pessoas negras representam 27,7% destas posições.  “Ainda sabemos que há um longo percurso para atingirmos resultados de equidade de gênero e racial, mas estamos no caminho”, diz.

Na área de sustentabilidade, a empresa prioriza a rota da reciclagem de sucata. "Preferimos ter menos alto-forno, menos minério, menos carvão e investir mais na reciclagem de sucata, porque enxergamos a economia circular como um fator de competitividade", afirma Werneck, que destaca que a empresa tem metas de redução de emissão de carbono até 2031. "A nossa pegada carbônica já é 50% inferior à média global do setor de aço".

Investimentos em 2025

Um dos objetivos da Gerdau para este ano é continuar investindo fortemente em tecnologia e no Brasil. "Transformação digital não é modismo para nós, é questão de sobrevivência".

Para conseguir acelerar nesta agenda, a empresa desenvolveu EM 2023 uma escola interna para formação de cientistas de dados, nomeada de G.Data. A escola possui um curso com uma carga horária total de 92 horas, com módulos intermediários de Dados & Analytics. Os funcionários também participam de oficinas e mentorias online.

"Já capacitamos mais de 150 profissionais em análise de dados e agora estamos formando uma área de supply chain com 30 funcionários no nosso programa G.Data".

Na indústria, o uso de “gêmeos digitais” tem reduzido falhas e melhorado a eficiência operacional. "Conseguimos prever falhas em equipamentos e otimizar nossos processos, reduzindo custos e aumentando a segurança do trabalho".

Apesar dos desafios, Werneck segue otimista: "A empresa está muito bem-preparada para navegar tanto em cenários difíceis quanto favoráveis. Acreditamos que o segundo semestre de 2025 trará melhorias no mercado". A Gerdau manterá seu plano de investimentos de aproximadamente R$ 6 bilhões anuais. "Continuaremos investindo e esperamos que o governo seja mais efetivo na implantação de defesa comercial, para fortalecer a indústria nacional".

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