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Tim descarta Oi e avalia Nextel de olho em 3G, 4G e 5G

Brasil deve viver fase de crescimento da telefonia com retomada econômica e mudanças regulatórias

SMARTPHONES: planos pós-pagos já representam 35% da base de clientes da Tim no Brail  / Leandro Fonseca (Leandro Fonseca/Exame)

SMARTPHONES: planos pós-pagos já representam 35% da base de clientes da Tim no Brail / Leandro Fonseca (Leandro Fonseca/Exame)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 12 de novembro de 2018 às 12h02.

Última atualização em 12 de novembro de 2018 às 14h34.

As reuniões de divulgação de resultados da Telecom Italia, conduzidas pelo presidente global Amos Genish, costumam trazer episódios de emoção para os executivos da Tim do Brasil. Em abril, Genish afirmou que a Tim poderia voltar a analisar a operação da combalida operadora brasileira Oi. Na sexta-feira 9 , disse que outra operadora brasileira, a Nextel, “é um ativo importante para se olhar”.

Genish falou que a avaliação estava em estágio “inicial” e que “vamos buscar os próximos passos a fim de compreender melhor a oportunidade”. Segundo EXAME apurou, a possível aquisição da Nextel está de fato em estágio de análise, e não tem prazo para ser concluída — ou vetada, se for o caso. Mas a aventada compra da Oi está fora de cogitação. A Tim não concedeu entrevista.

Em entrevista a EXAME em abril, o ex-presidente da Tim Brasil, Stefano De Angelis, havia afirmado que a empresa “não precisa de uma fusão”, mas que “uma união com a Oi poderia fazer sentido” por juntar uma empresa forte em telefonia móvel, a Tim, com uma companhia que unia telefonia móvel e fixa, a Oi. Um dos principais impeditivos era a dívida da Oi com a Anatel, a agência reguladora do setor, de 10 bilhões de reais. No fim das contas, mudanças regulatórias no mercado, e novas perspectivas econômicas, fizeram com que o radar da companhia italiana se voltasse para a Nextel.

A Nextel tem, na visão de um executivo do setor, as três características que podem garantir o sucesso de uma empresa de telecomunicações: clientes, infraestrutura e espectro. Conhecida no Brasil de uns anos atrás pelas ligações gratuitas via rádio, a companhia não é uma gigante, mas tem 3 milhões de clientes, e tem outorga de uso para dois lotes de frequência valiosos, de 3G e de 4G e 5G.

No início do mês a Anatel ampliou a participação de mercado que cada operadora pode ter em determinados espectros, abrindo caminho para novas fusões no setor. Ato contínuo, a Nextel, à venda desde janeiro, passou a ser alvo do interesse das grandes. A Tim, por viver um bom momento em termos de resultados, é vista como uma consolidadora natural.

Depois de liderar aquela fase tresloucada em ques operadoras ofereciam pacotes pré-pagos e chips a preços irrisórios, a operadora italiana virou a chave nos últimos dois anos para se concentrar nos nichos mais rentáveis de mercado. Em 2017, chegou a lucro de 1,2 bilhão de reais no Brasil, 64% a mais que em 2016. No terceiro trimestre deste ano, o lucro subiu 39% em relação ao mesmo período de 2017, para 388 milhões de reais, e avanço de 17% na base de clientes pós-pagos, que chegou a 35% do volume total de 56 milhões.

A compra da Nextel, segundo analistas, permitiria à Tim intensificar seus investimentos na conquista de clientes com cobertura 4G e ainda se preparar para a chegada da rede 5G ao país, que demanda maior capacidade para vídeos e transmissões em tempo real. Mas a tecnologia 5G não deve chegar ao Brasil antes de 2020. E, assim como a Tim, a Vivo e a Claro também estão de olho não só nos nichos mais rentáveis da telefonia, como também em oportunidades de consolidação.

A briga na telefonia tende a se intensificar com a melhora econômica em 2019. Uma boa notícia, para as operadoras, pode vir do Senado, que deve apreciar em breve o Projeto de Lei 79, de 2016, que entre outras mudanças permite a renovação sucessiva das outorgas de uso das frequências. Com mais previsibilidade e novos investimentos das operadores, espera-se que melhore a vida dos brasileiros donos de mais de 220 milhões de smartphones.

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