Negócios

Tim Cook lidera uma silenciosa revolução cultural na Apple

Sob o comando de Cook há dois anos, a Apple deve lançar um iPhone redesenhado no próximo mês, será um momento-chave para o executivo


	Tim Cook, CEO da Apple: empresa que ele herdou tornou-se uma criatura muito diferente - uma gigante corporativa madura ao invés de uma pioneira na indústria
 (Getty Images)

Tim Cook, CEO da Apple: empresa que ele herdou tornou-se uma criatura muito diferente - uma gigante corporativa madura ao invés de uma pioneira na indústria (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2013 às 14h55.

San Francisco - Pouco depois de assumir como vice-presidente de operações do Facebook, Sheryl Sandberg estava procurando estabelecer contato com pessoas de igual cargo - o de número dois numa empresa comandada por um jovem fundador brilhante e apaixonado. Ela ligou para Tim Cook.

"Ele basicamente explicou muito bem que o meu trabalho era fazer as coisas que Mark (Zuckerberg) não desejava focar tanto", disse Sandberg a respeito de uma reunião de várias horas com o então vice-presidente de operações da Apple.

"Esse era o seu trabalho com Steve (Jobs). Ele explicou que o trabalho iria mudar com o tempo e que eu deveria estar preparada para isso", disse.

Enquanto Sandberg manteve as funções no Facebook de lá para cá, o trabalho de Cook mudou radicalmente. Agora, o homem que recebeu uma das tarefas mais assustadoras do mundo dos negócios --substituir Steve Jobs e manter a Apple no topo-- pode ser quem precisa de aconselhamento.

Sob o comando de Cook há dois anos, a Apple deve lançar um iPhone redesenhado no próximo mês. Será um momento-chave para o executivo.

A empresa que ele herdou tornou-se uma criatura muito diferente: uma gigante corporativa madura ao invés de uma pioneira na indústria, com o preço das ações caindo 5 por cento no ano, apesar de uma escalada recente dos papéis. O S&P 500, índice com as empresas mais importantes dos EUA, subiu cerca de 15 por cento no mesmo período.

A transição foi, talvez, inevitável após a Apple viver cinco anos surpreendentes, durante os quais aumentou seu faturamento em mais de seis vezes, elevou os lucros em 12 vezes, e viu o preço das ações saltar de 150 dólares para um pico de 705 dólares no último outono do hemisfério norte.

Mas a passagem tem sido dolorosa para alguns.


Não está claro se Cook conseguirá remodelar com sucesso a cultura construída por Jobs. Embora ele tenha conseguido administrar bem as linhas de iPhones e iPads, que continuam a entregar lucros enormes, a Apple ainda não lançou um novo produto sob sua gestão. Conversas sobre televisões e relógios permanecem sendo apenas conversas.

Alguns temem que as mudanças de Cook na cultura corporativa tenham jogado água no impulso que levava os funcionários a tentar alcançar o impossível.

Perfil

Cook é conhecido como um workaholic que guarda sua privacidade a sete chaves. As pessoas que o conhecem pintam o retrato de um executivo pensativo, orientado por dados, que sabe ouvir e que pode ser engraçado e charmoso.

No dia-a-dia na Apple, Cook estabeleceu um estilo metódico, sem arroubos sem sentido, diametralmente diferente do apresentado pelo seu antecessor.

Ainda assim, ele tem um lado difícil. Em reuniões, ele é calmo e costuma ficar sentado em silêncio com as mãos postas diante de si mesmo. Qualquer alteração no balanço constante de sua cadeira é um sinal para os subordinados: quando ele simplesmente escuta, eles ficam atentos para ver se não há mudança no ritmo do balanço.

"Ele pode espetá-lo com uma frase", disse uma fonte com familiaridade das discussões. "Ele diria algo na linha de 'eu não acho que é bom o suficiente' e esse seria o fim de tudo, e você ia querer apenas cavar um buraco e morrer", afirmou. A Apple se recusou a comentar sobre Cook.


Alguns recrutadores do Vale do Silício e ex-funcionários da Apple em empresas rivais dizem que estão vendo mais currículos da Apple do que nunca, especialmente de engenheiros de hardware, embora a profundidade e a amplitude de qualquer fuga de cérebros seja difícil de quantificar, especialmente com a recente expansão do número de funcionários.

Ainda assim, o regime Cook também é visto como amável e gentil, uma mudança bem-vinda para muitos.

"(O ambiente) não é tão louco quanto costumava ser. Não é tão draconiano", disse Beth Fox, consultora de recrutamento e ex-funcionária da Apple, acrescentando que as pessoas que ela conhece permanecem na companhia. "Elas gostam de Tim", disse.

Os acionistas, enquanto isso, concentram-se nos números da empresa e no próximo grande lançamento de produto. A queda acentuada na receita na China no segundo trimestre reforça os desafios que a Apple enfrenta em seu segundo maior mercado à medida que o hiato tecnológico com as rivais locais diminui, e a com a Samsung mantendo um ritmo regular de lançamento de novos modelos, em todas as faixas de preço.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas americanasempresas-de-tecnologiaTecnologia da informaçãoAppleTim Cook

Mais de Negócios

Floripa é um destino global de nômades digitais — e já tem até 'concierge' para gringos

Por que essa empresa brasileira vê potencial para crescer na Flórida?

Quais são as 10 maiores empresas do Rio Grande do Sul? Veja quanto elas faturam

‘Brasil pode ganhar mais relevância global com divisão da Kraft Heinz’, diz presidente