Negócios

Temer afasta vice-presidentes da Caixa por 15 dias

A decisão ocorreu após reunião do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, com o Occhi mais cedo nesta terça-feira

Caixa: até semana passada, Temer vinha se recusando a acatar a recomendação do MPF (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Caixa: até semana passada, Temer vinha se recusando a acatar a recomendação do MPF (Antonio Cruz/Agência Brasil)

R

Reuters

Publicado em 16 de janeiro de 2018 às 17h58.

Última atualização em 16 de janeiro de 2018 às 20h40.

Brasília/São Paulo - O presidente Michel Temer determinou o afastamento de quatro dos 12 vice-presidentes da Caixa Econômica Federal, por 15 dias, para que apresentem defesas sobre denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (MPF), informou o Palácio do Planalto em nota nesta terça-feira.

A decisão ocorreu após reunião do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, com o presidente da Caixa [CAIXA.UL], Gilberto Occhi, mais cedo nesta terça-feira. Segundo fonte ouvida pela Reuters, o próprio BC pediu a destituição de vice-presidentes do banco estatal.

Quatro dos 12 vice-presidentes da Caixa, além de Occhi, estão sendo investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. O pedido de afastamento dos dirigentes foi feito em dezembro e assinado pelas forças-tarefas das operações Greenfield, Cui Bono e Sépsis -as duas últimas derivadas da primeira.

Os vice-presidentes citados nas investigações são Deusdina Pereira, de Fundos e Loterias; Roberto Derziê de Santana, de Governo; Antonio Carlos Ferreira, Corporativo; e José Henrique Marques da Crus, de Clientes, Negócios e Transformação Digital.

Até semana passada, Temer vinha se recusando a afastar executivos do banco.

O diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Paulo Sérgio Neves de Souza, enviou na quarta-feira passada um ofício à presidente do Conselho de Administração da Caixa, a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, em que recomendou o afastamento de vice-presidentes do banco após uma apuração independente e outra feita pelo MPF terem descoberto uma série de irregularidades em procedimento internos da instituição, segundo documentos de um processo judicial a que a Reuters teve acesso.

No documento, de três páginas, o diretor do BC menciona que o relatório independente -redigido pelo escritório de advocacia Pinheiro Neto- e notícias da imprensa mencionaram fatos "desabonadores" em relação aos vice-presidentes da Caixa.

O texto cita ainda que a legislação determina que o presidente e diretores de instituições financeiras públicas federais, como a Caixa, "deverão ser pessoas de reputação ilibada e notória capacidade".

O ofício destaca ainda que, conforme o Conselho Monetário Nacional (CMN), há "rigorosas condições" a serem observadas pelo BC na aprovação de nomes para o exercício de cargos em instituições públicas.

Essa recomendação do BC é semelhante ao ofício encaminhado pelo MPF em Brasília a Temer em que reforçou nesta terça-feira comunicação para que ele destitua vice-presidentes da Caixa sob pena de ele próprio ser responsabilizado na Justiça.

Os procuradores da República afirmam que o prazo final para acolhimento da sugestão --de trocar os vices e escolher novos por processo seletivo idôneo-- é o dia 26 de fevereiro e que, se isso não ocorrer, poderá haver implicações a Temer.

Procurada, a Caixa não se manifestou sobre o assunto.

Acompanhe tudo sobre:CaixaGoverno TemerMichel TemerMinistério Público

Mais de Negócios

'E-commerce' ao vivo? Loja física aplica modelo do TikTok e fatura alto nos EUA

Catarinense mira R$ 32 milhões na Black Friday com cadeiras que aliviam suas dores

Startups no Brasil: menos glamour e mais trabalho na era da inteligência artificial

Um erro quase levou essa marca de camisetas à falência – mas agora ela deve faturar US$ 250 milhões