Tomás Martins e Maurício Villar, fundadores da Tembici: R$ 160milhões do BNDES para financiar aluguel de bicicletas no Braisl (Tembici/Divulgação)
A Tembici, startup de mobilidade que opera as conhecidas bicicletas do Itaú, ganhou novo fôlego para expandir o número de bikes Brasil adentro. A empresa fechou um acordo de financiamento de 160 milhões de reais com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O financiamento faz parte de um plano de investimento mais robusto que prevê até 274 milhões de reais, concedidos nos próximos três anos. Metade deste primeiro montante (algo como 80 milhões de reais), vem do Fundo Clima, programa vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e parte da Política Nacional sobre Mudança do Clima — que promete taxas de juros reduzidas para projetos voltados para a mitigação das mudanças climáticas.
O restante do empréstimo será concedido por meio do BNDES Finem, de financiamento de empreendimentos, na categoria de mobilidade urbana. A Tembici é a primeira empresa de mobilidade a acessar recursos do Fundo Clima.
Neste primeiro momento, o valor permitirá à empresa a ampliação da capacidade de produção e montagem das bicicletas em suas fábricas localizadas na Zona Franca de Manaus e na cidade de Extrema, em Minas Gerais.
Além disso, o recurso será usado para a aquisição de bicicletas elétricas e comuns. O objetivo é o de ampliar o serviço nas cidades em que a companhia já opera e em novas praças no Brasil, além de investimentos relacionados à tecnologia e inovação.
“Com o apoio do BNDES a Tembici reforça, ainda mais, sua liderança em micromobilidade compartilhada e tecnologia na América Latina, projetando-se para novos mercados através de um modelo de negócios com investimento competitivo”, diz Leandro Fariello, CFO da Tembici, em nota.
Do lado da tecnologia, a Tembici deve auxiliar o BNDES na criação de programas ligados ao desenvolvimento de cidades inteligentes junto ao poder público, por meio do compartilhamento de informações de
O financiamento reforça o compromisso do BNDES em financiar o desenvolvimento sustentável. Em 2022, durante a COP27, o Banco assumiu o compromisso de apoiar financeiramente instituições que respeitem requisitos socioambientais, como empresas “verdes” com foco em sustentabilidade e cooperem para a transição para uma economia de baixo carbono.
Na mesma ocasião, o BNDES também prometeu incluir a contabilidade de emissões de carbono em todos os empréstimos realizados.
O racional do financiamento “verde” do BNDES está no fato de que o uso das bicicletas, sejam elas elétricas ou comuns, contribuem para a redução de emissões de carbono nas grandes cidades.
“Esse é um projeto emblemático para o BNDES pois as bicicletas fazem parte do ecossistema de mobilidade urbana e têm potencial para substituir parcialmente o transporte motorizado nos deslocamentos de curta distância, contribuindo para melhoria da qualidade de vida nas cidades brasileiras”, diz Rafael Pimentel, chefe do Departamento de Mobilidade Urbana do BNDES. Esse potencial pode ser ainda maior com a ampliação da oferta de bicicletas elétricas e com a devida integração com os sistemas de transporte público”.
Atualmente, a Tembici conta com uma frota nacional de 21.000 bicicletas e é responsável por 200 milhões de deslocamentos com bicicletas nas principais capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Porto Alegre, além de Santiago, no Chile, Buenos Aires, na Argentina e mais recentemente em Bogotá, na Colômbia. "Sabemos da potência do discurso sustentável, e esse é nosso principal propósito como empresa”, disse o CEO, Tomás Martins, em entrevista à EXAME em 2022.
Nos planos da empresa para 2023 estão a chegada para novas praças, como Belo Horizonte, Florianópolis e Curitiba. Já em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, o sistema de bikes Itaú será estendido. Na capital gaúcha, serão 1.000 bicicletas e 100 estações, o dobro do atual.