Presidente Antonio Carlos Valente, em sua sala na Telefônica/Vivo (Alexandre Battibugli/INFO EXAME)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2013 às 11h46.
São Paulo - O presidente da Telefônica/Vivo, Antonio Carlos Valente, é taxativo ao afirmar que a tecnologia de quarta geração (4G) das telecomunicações começa a operar no Brasil a partir do próximo dia 30 nas cidades-sede da Copa das Confederações (Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza e Recife).
Em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, ele disse que o início do serviço se dará mesmo com o problema da "falta de antenas". Por enquanto, o executivo não deu sinais de investimento em novas frequências. Na conversa, Valente falou do primeiro ano da integração entre as operações da Telefônica com as da Vivo. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Qual nível de serviço 4G o consumidor vai encontrar no Brasil?
A experiência de navegação vai ser muito positiva, pelo aumento da velocidade (em relação ao 3G). Uma rede sem muito tráfego vai contribuir para que essa experiência, num primeiro momento, seja muito bem percebida. Vamos ter dificuldade pelos poucos aparelhos 4G, com preços elevados. Teremos modem para colocar no mercado, mas os smartphones virão aos poucos. O 3G ainda vai ser a solução de acesso à internet móvel do País e, gradativamente, vai ser complementada pela 4G.
Quais são as expectativas para o início do 4G?
Não temos dúvida que o 4G entra em funcionamento no dia 30 de abril, nas cidades da Copa das Confederações. Mas vai começar com essa problemática da falta de antenas. Vamos usar intensamente as antenas já disponíveis e na frequência de 2,5 Giga-hertz (GHz) que, por característica, é deficiente em ambientes indoor (interiores).
Como estão as negociações para instalação dos serviços de telecomunicações nos estádios da Copa do Mundo?
Foram praticamente finalizadas, mas as obras ainda não iniciaram. Os estádios, agora, estão sendo colocados à disposição das empresas. O que posso dizer é que vai ser um desafio, pelos prazos. E temos de colocar, em estádios praticamente novos, como o Maracanã, as redes 2G, 3G e 4G. Há o problema do entorno dos estádios, por onde chega a fibra, a colocação dos equipamentos nas salas internas e a instalação das antenas no alto dos estádios.
A empresa já faz cálculos sobre os custos para aquisição de novas licenças de 4G no leilão da frequência de 700 MHz previsto para o início de 2014?
Nossa realidade é criar uma rede de 4G em 2,5 GHz. E é nisso que vamos trabalhar agora. Nesse momento, não podemos perder o foco. Temos obrigações e desafios enormes para cumprir. (Primeiro virá) o leilão de 700 (MHz), depois veremos.
Como o senhor avalia a acusação dos EUA de protecionismo do Brasil no 4G?
Todos os países com mercados relevantes procuram criar mecanismos para desenvolver seus parques industriais. Isso não é para proteger o mercado, mas sim para desenvolver.
Qual sua avaliação sobre o cerco à qualidade feito pela Anatel?
Nenhuma empresa gosta de perder clientes, que é um dos maiores custos da operação. Temos o desafio do crescimento explosivo dos dados e isso tem a ver com a essência dos serviços de telecomunicações. Hoje, uma parcela dos dispositivos móveis é vendida no grande varejo. Ou seja, fora do alcance das teles. Muitas vezes, o crescimento do tráfego está alheio à nossa vontade, mas é uma aspiração legitima dos clientes. E isso gera desafios especialmente pela legislação defasada para instalação de antenas. Sem colocar novas antenas é difícil atender a essa demanda de tráfego de dados.
Sem a aprovação da lei federal das antenas e com o estímulo à venda de smartphones pela desoneração de tributos, como atender esse crescimento do serviço de dados?
Em algumas cidades houve avanço (na legislação), como Brasília e Rio de Janeiro. Esperamos que a lei federal seja aprovada nos próximos dias. O governo e a Anatel têm feito críticas às operadoras, mas também reconhecem que muitos dos problemas não podem ser resolvidos pelas teles.
Como está o processo de integração da Telefônica com a Vivo após um ano?
Houve o benefício ao cliente de ter uma marca única. Isso facilita a divulgação de novos serviços e o atendimento. E, pouco a pouco, o cliente vai percebendo. Ainda falta ampliar a integração dos sistemas de informação. Esse processo vai seguir, além da união das culturas.
A queda do negócio de telefonia fixa é inevitável?
Estamos trabalhando na redução do impacto, com a integração dos serviços entre a telefonia fixa, banda larga e móvel. Mas a tendência mundial é de redução do negócio fixo.
A empresa vem "limpando" sua base pré-paga de usuários. Por quê?
Estamos trabalhando para ter uma base saudável, priorizando o cliente pós-pago e de dados (internet). Na base pré-paga, se o cliente não gera tráfego, vamos tirar. Nosso desafio é aumentar o tempo médio de utilização, em meio à queda dos preços. Por isso, focamos em mercados de maior valor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.