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Ted Lasso, IA e as franquias: a visão de Mike Walsh sobre o futuro do varejo

O futurista compartilhou suas previsões sobre o impacto da inteligência artificial no varejo e na liderança durante seu painel na Multi-Unit Franchising Conference

Ted Lasso: o personagem é referência de liderança do futuro, segundo especialista (Apple TV+/Divulgação)

Ted Lasso: o personagem é referência de liderança do futuro, segundo especialista (Apple TV+/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 28 de março de 2025 às 13h09.

Última atualização em 28 de março de 2025 às 13h44.

Las Vegas, Estados Unidos — A inteligência artificial não é mais uma tendência futurista: ela já está redefinindo o presente do varejo e das franquias. Mike Walsh, futurista e CEO da consultoria Tomorrow, deu um vislumbre do que está por vir durante sua palestra na Multi-Unit Franchising Conference, em Las Vegas.

"Estamos fazendo o futuro acontecer dez anos mais cedo", disse ele, deixando claro que as empresas que não se adaptarem às novas tecnologias estarão rapidamente ficando para trás.

Em um ponto de sua palestra, Walsh foi além da tecnologia e trouxe uma reflexão sobre a liderança do futuro, citando Ted Lasso, personagem famoso da série da Apple TV+. Walsh usou a figura do técnico da série como um exemplo de liderança empática, humana e focada no desenvolvimento das pessoas, algo essencial em um mundo cada vez mais automatizado.

"Seja curioso, não julgador", afirmou Walsh, referindo-se a uma das principais lições do personagem, ressaltando que os líderes precisarão ser mais inovadores para sobreviver as mudanças disruptivas que estão por vir.

Mike Walsh, CEO da consultoria Tomorrow, durante palestra no Multi-Unit Franchising Conference 2025, em Las Vegas (EUA)

Mike Walsh, CEO da consultoria Tomorrow, durante palestra no Multi-Unit Franchising Conference 2025, em Las Vegas (EUA) (Isabela Rovaroto/Exame)

O evento, que reúne centenas de franqueados e multifranqueados de diferentes partes do mundo, contou com a participação de mais de 50 pessoas da comitiva brasileira da CommUnit.

Walsh, com mais de 20 anos de experiência em inovação disruptiva, apresentou um painel sobre a quinta Revolução Industrial, uma era onde a inteligência artificial (IA) não só acelera a eficiência operacional, mas transforma radicalmente a experiência do consumidor e a forma como as empresas se organizam internamente.

Em sua palestra, Walsh abordou a importância de as franquias se reimaginarem como plataformas baseadas em dados e IA. "O futuro não é mais sobre transações, mas sobre criar plataformas inteligentes que evoluem e melhoram com o tempo", afirmou.

As franquias que souberem adotar as tecnologias emergentes de maneira ética e estratégica terão uma vantagem significativa em um mercado cada vez mais competitivo e orientado por dados.

"O que vai definir o sucesso nos próximos anos será como as organizações redesenham seus modelos de trabalho, produtividade e valor", diz Walsh.

Durante sua palestra, o consultor identificou sete diretrizes principais para as franquias se adaptarem às mudanças tecnológicas:

1. Adote uma mentalidade de plataforma

Walsh afirmou que as franquias precisam ir além da visão tradicional de transações e começar a pensar como plataformas inteligentes. "Você está construindo uma plataforma, uma plataforma que depende de dados para se tornar mais eficiente no futuro", disse ele.

A chave será usar dados para criar experiências personalizadas para o cliente, transformando cada interação em uma oportunidade de aprendizado e melhoria.

2. Incorpore IA nos processos

A IA será essencial para otimizar tanto as operações internas quanto a experiência do consumidor. "A IA vai permitir que façamos coisas que antes eram impensáveis", destacou Walsh. Para ele, as franquias devem usar IA no back-office, no marketing e no suporte à rede.

A automação e a personalização devem ser vistas como ferramentas para otimizar a experiência do cliente e a eficiência operacional.

3. Acelere a transformação digital

A transformação digital já não é uma opção, mas uma necessidade urgente. Walsh ressaltou: "Estamos fazendo o futuro acontecer 10 anos mais cedo". As franquias que se adaptarem rapidamente às novas tecnologias terão uma vantagem competitiva significativa.

Ele encorajou os participantes a adotar tecnologias disruptivas como a IA, não apenas para melhorar a eficiência, mas para repensar toda a estrutura dos negócios.

4. Invista em capacitação e novas ferramentas

A tecnologia muda, mas o papel das pessoas também. "Dê às pessoas as ferramentas, o treinamento e as técnicas para trabalharem de maneira nova. Ferramentas mudam o trabalho", afirmou Walsh.

Para ele, as franquias devem contratar pessoas com uma mentalidade de eficiência e adaptabilidade, aquelas que pensam em soluções rápidas e inovadoras e que busquem sempre automatizar e otimizar processos.

5. Repense a cultura organizacional

Walsh alertou que, além de mudar processos, a IA também alterará profundamente a cultura organizacional das franquias. "A verdadeira questão não é se a IA vai tomar nossos empregos, mas como ela vai mudá-los", disse ele.

As franquias precisarão equilibrar a inovação com os valores humanos, garantindo que a IA melhore a transparência, a justiça e a experiência geral dos funcionários e consumidores.

6. Prepare-se para incertezas

O futuro será cheio de inseguranças, e a capacidade de lidar com a ambiguidade será uma das habilidades mais importantes para os líderes de amanhã.

"Prepare-se para o medo. Você vai enfrentar incertezas e ambiguidade. Saber lidar com isso será a habilidade mais importante", alertou Walsh.

Ele ressaltou que as franquias precisam ser ágeis e resilientes, capazes de se adaptar rapidamente a novas situações e tecnologias.

7. Comece pequeno

Walsh sugeriu que as franquias devem começar com passos pequenos na transformação digital. "Não pense em planos de transformação digital gigantes. Comece pequeno. Crie um plano de transformação pessoal para os próximos 4 meses", diz.

Ele reforçou a importância de testar novas ferramentas, demonstrar compromisso com a mudança e permitir que a transformação ocorra de maneira gradual, sem forçar uma ruptura brusca no modelo de negócios.

(A repórter viajou a convite da CommUnit)

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