São Paulo - O “apagão de talentos”, tão falado ultimamente pelos profissionais de recursos humanos, vai permanecer. Essa é a previsão de Elaine Saad, gerente geral na América Latina da consultoria Right Management, responsável por uma pesquisa que apontou os 10 cargos com maior escassez de trabalhadores no Brasil e no mundo. Técnicos, profissionais qualificados e operadores de produção são os que mais faltam no país. No mundo, são os trabalhadores qualificados, representantes de venda e técnicos. (Confira listas na próxima página)
O levantamento, feito com 35.000 empregadores de 36 países, mostrou que o problema é global, porém mais intenso no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Dados do estudo mostram que 36% dos entrevistados sentem dificuldade em preencher cargos. No Brasil esse percentual sobe para 64%. “A situação se agrava em países onde a economia se mostra mais aquecida. Para manter os bons resultados, é preciso de gente boa”, diz Elaine Saad.
Ela ressalta, no entanto, que essa falta de pessoal não se restringe aos jovens prodígios da “geração Y”. “O problema é muito mais grave do que isso. Essa mão-de-obra muito qualificada é realmente disputada, mas estamos percebendo uma escassez de posições básicas para as empresas se desenvolverem nos próximos cinco anos”, afirma. Elaine considera que o “apagão” se deve à má formação técnica e profissional da maioria dos trabalhadores, que têm mais acesso a educação, mas, nem sempre, o ensino é de qualidade.
Em alguns casos, como de profissionais de TI e engenheiros, o fenômeno existe há mais tempo. Para a especialista, muitos jovens não escolhem as áreas exatas por não haver um retorno financeiro imediato. “Às vezes, o jovem prefere seguir carreiras na área de administração, economia ou do direito porque quer ficar rico mais rápido. Se for um engenheiro, ele vai demorar mais ou menos 10 anos para ganhar dinheiro”, diz.
O que fazer
Diante desse quadro, as empresas enfrentam o grande desafio de encontrar bons profissionais em meio a uma forte concorrência. Uma possível solução que Elaine Saad sugere é melhorar a gestão da força de trabalho, dando enfoque na performance e em como melhorá-la.
Outro ponto relevante é fazer um diagnóstico da equipe atual, para ter uma ideia real do tipo de profissionais com que a empresa pode contar. “Muitas não conhecem realmente as competências de seus funcionários. Elas crescem de forma acentuada, mas não conhecem seu pessoal e isso dificulta o desenvolvimento do trabalhador”, argumenta.
Movimentar os funcionários internamente também pode ajudar, segundo a consultora, pois é uma forma de aproveitar as pessoas que já estão na empresa de acordo com suas vontades e capacidades. Por último, é possível buscar profissionais no mercado, com a consciência de que, às vezes, é melhor diminuir um pouco as exigências e treinar o funcionário depois, em vez de esperar tempo demais por alguém perfeito. Após a contratação, o foco do gestor deve ser no treinamento e na retenção desses talentos cada vez mais escassos.
Profissionais que estão mais em falta no Brasil
1) Técnicos
2) Trabalhadores qualificados
3) Operadores de produção
4) Secretários e assistentes pessoais
5) Operários
6) Engenheiros
7) Motoristas
8) Profissionais de contabilidade/finanças
9) Profissionais de TI
10) Representantes de vendas
Profissionais que estão mais em falta no mundo
1) Trabalhadores qualificados
2) Representantes de vendas
3) Técnicos
4) Engenheiros
5) Profissionais de contabilidade/finanças
6) Operadores de produção
7) Secretários e assistentes pessoais
8) Executivos de administração
9) Motoristas
10) Operários