Negócios

TCU responsabiliza cúpula da Caixa por manobra contábil

São responsabilizados o atual presidente do banco, Jorge Fontes Hereda, e mais 15 executivos


	Caixa: o banco inflou seu resultado financeiro, de forma irregular, com saldo de poupanças encerradas por problemas cadastrais, segundo o TCU
 (Andrevruas/Wikimedia Commons)

Caixa: o banco inflou seu resultado financeiro, de forma irregular, com saldo de poupanças encerradas por problemas cadastrais, segundo o TCU (Andrevruas/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2015 às 08h38.

Brasília - Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) responsabiliza o atual presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Fontes Hereda, e mais 15 executivos do banco, que ocuparam cargos entre 2010 e 2012, por manobra contábil que incorporou R$ 719 milhões ao lucro da instituição em 2012.

Relatório sigiloso, obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, confirma que a Caixa inflou seu resultado financeiro, de forma irregular, com saldo de poupanças encerradas por problemas cadastrais.

O tribunal determinou audiências para ouvir quase toda a cúpula da Caixa. Além de Hereda, os auditores implicam sete dos atuais vice-presidentes do banco pela manipulação contábil.

Entre os executivos que já deixaram seus cargos estão a ex-presidente Maria Fernanda Ramos Coelho (entre 2006 e 2011) e os ex-vice-presidentes de Pessoa Jurídica, ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), e de Controle e Risco, Raphael Rezende. Este último deixou a função após desgaste provocado pela revelação do caso, há um ano.

A Caixa encerrou poupanças baseada numa resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que autoriza a operação em caso de "irregularidades nas informações prestadas".

A maioria havia sido aberta com CPFs inválidos ou inexistentes. Para o TCU, no entanto, não há lei ou regulamento que a autorize a se apropriar do saldo dessas contas, incorporando-o como receita ao seu resultado financeiro.

Atos

A auditoria registra que as irregularidades ocorreram em três atos. Primeiro, em janeiro de 2010, os gestores mudaram o manual da Caixa, que passou a prever a transferência de recursos de poupanças encerradas para os resultados do banco.

Onze meses depois, o conselho diretor determinou o encerramento das contas com problemas cadastrais, cujo saldo seria usado na manobra. Por último, o conselho aprovou as demonstrações contábeis, incorporando os R$ 719 milhões ao lucro.

O TCU diz que só os próprios depositantes poderiam ser os beneficiários dos recursos ou, em última instância, o Tesouro - nesse caso, após 30 anos de inatividade das poupanças, por autorização do Congresso.

O relatório registra que foram encerradas contas sem movimentação por um ano. Passados seis meses, o dinheiro foi usado para inflar o lucro da Caixa em 15%.

Na avaliação dos auditores, o banco "impediu o Tesouro" de receber, em última instância, os valores. "A entidade atentou contra o fluxo legalmente estabelecido para recursos não reclamados", escreveram.

Segundo o relatório, as regras de encerramento de contas visam a preservação do interesse público: "Não seria razoável que o resultado dessa restrição de ordem pública beneficiasse particulares, diga-se, instituições financeiras". O relator do processo no TCU, ministro Bruno Dantas, mandou notificar a cúpula da Caixa.

Após as audiências, novo relatório técnico, acompanhado do seu voto, será produzido para embasar o julgamento do caso em plenário. Caso a corte mantenha o entendimento sobre as responsabilidades, caberá multa aos envolvidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:BancosCaixaEmpresasIrregularidadesTCU

Mais de Negócios

'E-commerce' ao vivo? Loja física aplica modelo do TikTok e fatura alto nos EUA

Catarinense mira R$ 32 milhões na Black Friday com cadeiras que aliviam suas dores

Startups no Brasil: menos glamour e mais trabalho na era da inteligência artificial

Um erro quase levou essa marca de camisetas à falência – mas agora ela deve faturar US$ 250 milhões