Empreiteiras: relatório vai indicar que 16 empresas sejam proibidas de participar de licitações, mas tribunal deve ouvir outro lado antes de decidir (hxdbzxy/ThinkStock)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2016 às 09h21.
Brasília - Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que há provas suficientes para declarar inidôneas 16 empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, proibindo-as de participar de licitações e firmar contratos com o poder público.
A análise de auditores, obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo, será apreciada pelos ministros da corte em julgamento marcado para amanhã.
Antes de decidir sobre eventual punição, o tribunal pretende convocar as empresas para apresentar suas justificativas.
A área técnica do TCU avaliou material sobre corrupção na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, compartilhado pela 13.ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba.
A conclusão é que o conteúdo de apreensões, perícias e delações premiadas, entre outros elementos obtidos pela Lava Jato, comprova o conluio entre as construtoras para corromper dirigentes da Petrobras, fraudar concorrências e elevar preço de obras, que chegou a R$ 24 bilhões após inúmeras revisões.
A auditoria é o primeiro passo para que as empresas, envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras, sejam impedidas de fechar negócio com governo federal, Estados e municípios por até cinco anos.
A lista inclui Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Engevix, UTC e Galvão Engenharia.
Na sessão de amanhã, os ministros do TCU devem convocar todas as implicadas para apresentar suas explicações, conforme propõe a área técnica.
O relatório será lido pelo relator, Benjamin Zymler, que também dará um voto a respeito. Após analisar as justificativas, caso o entendimento de que houve fraude seja mantido, as sanções serão aplicadas.
Se o TCU considerar as empresas inidôneas, pode frustrar a intenção de fechar acordos de leniência com o governo. A maioria, mergulhada em crise financeira, já anunciou um entendimento com o Ministério Público Federal ou está em tratativas com o Ministério da Transparência, a antiga Controladoria-Geral da União (CGU), para colaborar com as investigações, ressarcir o erário e, assim, manter contratos públicos.
No relatório, o TCU afirma que eventuais acordos não vão interferir na apuração de responsabilidades e que seus impactos só serão analisados ao fim das fiscalizações da corte. A declaração de inidoneidade está prevista na Lei 8.666 (Lei de Licitações) para casos de fraude a concorrências públicas. Pode ser aplicada, de forma independente, tanto pelo governo, ao fim de processos administrativos, quanto pelo TCU, responsável por apurar prejuízos à União.
"Todos os documentos, registros e citações, colhidos dos trabalhos dos diversos órgãos que atuam na Operação Lava Jato, indicados nesta representação, convergem a um único desfecho: um cartel fraudou, com o auxílio essencial de funcionários da Petrobras, as 'licitações' conduzidas pela empresa estatal para implantar a refinaria", diz o relatório do TCU.
Aprovada a convocação, no julgamento de amanhã, as empreiteiras terão de dar explicações sobre combinação de preços para elevar o valor das obras, quebra do sigilo das propostas da licitação e divisão ilegal do mercado.
Os auditores propõem também a convocação dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços), além do ex-gerente Pedro Barusco.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.