Logo da BlackBerry é visto através de vidro quebrado: a taxa de rescisão aumentará para US$ 262 milhões se a fabricante de smartphones e a Fairfax firmarem uma transação definitiva (REUTERS/Dado Ruvic)
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2013 às 07h03.
Nova York e Toronto - A BlackBerry Ltd. estava tão desesperada para encontrar um comprador que concordou em pagar ao seu maior acionista uma rara taxa de rescisão por uma oferta provisória de aquisição -- um movimento que poderia deter os licitantes rivais.
Em dificuldades, a fabricante de smartphones disse na semana passada que um grupo liderado pela Fairfax Financial Holdings Ltd., uma companhia de seguros com sede em Toronto, assinou uma carta de intenções para a aquisição por US$ 4,7 bilhões.
Embora o CEO da Fairfax, Prem Watsa, ainda não tenha identificado o resto do grupo de aquisição, nem obtido financiamento comprometido com o negócio, a BlackBerry concordou em pagar ao grupo uma taxa de US$ 157 milhões se ele chegar a uma proposta melhor com outro comprador.
A disposição da BlackBerry em concordar com uma taxa sem a assinatura de um acordo definitivo é “inédita” e pode ter um efeito inibidor sobre seu leilão, de acordo com Tor Braham, o ex-diretor de investimento bancário em tecnologia da Deutsche Bank AG.
Se um lance maior vier, Watsa -- membro do conselho da BlackBerry até o mês passado -- recebe o adicional da taxa de rescisão que ele pode obter sobre uma participação de quase 10 por cento.
“É uma situação de desespero”, disse Willy Shih, professor de prática de gestão na Faculdade de Negócios de Harvard e ex-executivo da Eastman Kodak Co., em uma entrevista por telefone. “Os termos do acordo reconhecem sua situação difícil. A Fairfax é muito astuta”.
Este é um “belo” negócio para Watsa, disse Shih.
Taxa de rescisão
Se desistir do acordo provisório, a BlackBerry terá que pagar à Fairfax uma taxa de 30 centavos de dólar por ação, ou cerca de US$ 157 milhões, disse a empresa com sede em Waterloo, Ontário, em um comunicado em 23 de setembro.
O acordo não diz se a Fairfax, cuja oferta ainda está sujeita a diligência e negociação, terá que pagar alguma coisa à BlackBerry se a sua proposta não se consumar. A BlackBerry não terá que pagar uma taxa se o consórcio reduzir sua oferta para menos de US$ 9 por ação sem aprovação do conselho.
A taxa de rescisão aumentará para 50 centavos por ação, ou cerca de US$ 262 milhões, se a fabricante de smartphones e a Fairfax firmarem uma transação definitiva.
Esta taxa mais elevada é de cerca de 5,6 por cento do valor do negócio, acima da taxa média de rescisão de 3,5 por cento para alvos americanos em 2012, de acordo com um relatório de junho da firma de investimento bancário Houlihan Lokey.
“É bastante incomum que um vendedor dê uma taxa de rescisão para um comprador sem um financiamento comprometido”, disse Morton Pierce, sócio em Nova York do grupo de fusões e aquisições do escritório de advocacia White Case LLP, em entrevista por telefone. “Você não faz isso se tem opções”.
Lucros decepcionantes
A BlackBerry está eliminando um terço de sua equipe e reorientando-se apenas a clientes corporativos após a receita trimestral ter ficado abaixo da metade do que estimavam os analistas.
As vendas nas Américas caíram mais rápido do que em qualquer outro lugar, 56 por cento, para US$ 610 milhões nos três meses até agosto.
‘Olhada gratuita’
Embora a taxa de rescisão não seja necessariamente um “assassino de negócio” para os potenciais proponentes rivais, o mais provável é que ajude a Fairfax a encontrar empresas para se juntar ao seu consórcio, disse Colin Gillis, analista da BGC Partners LP em Nova York.
“A Fairfax ganha uma olhada gratuita e pode sair sem nenhuma penalidade até 4 de novembro”, disse Gillis em uma nota de pesquisa na semana passada. “O risco de ocorrer uma guerra de propostas pela BlackBerry é baixo, sobretudo levando em conta que o que vemos são condições favoráveis para a Fairfax”.