Negócios

A nova estratégia deste bar ultrassecreto envolve café e pão de queijo

Membros do Sweet Secrets pagam até R$ 50 mil por ano para tomar drinques no bar, participar de eventos especiais e, agora, tomar um cafézinho com o cliente

David Politanski, dono do Sweet Secrets: meta é alcançar 300 membros pagantes até o fim do ano (Sweet Secrets/Divulgação)

David Politanski, dono do Sweet Secrets: meta é alcançar 300 membros pagantes até o fim do ano (Sweet Secrets/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 29 de julho de 2025 às 05h56.

São Paulo é uma cidade de opções infinitas. Bares e casas noturnas aparecem todos os dias, e se destacar se torna um desafio. É por isso que bares como o Sweet Secrets têm apostado no modelo da exclusividade: membros pagam até R$ 50 mil por ano para ter acesso aos fundos de uma loja de doces, onde os drinks são preparados por mixologistas renomados e a gastronomia é comandada por um chef Michelin.

Mas, com as portas abertas desde 2022 e cerca de 280 membros pagantes, o mistério por trás do Sweet Secrets fica cada vez mais conhecido. Executivos e celebridades já viram o que acontece no bar estilo speakeasy — um local inspirado nos bares clandestinos da era da Lei Seca nos Estados Unidos, onde o segredo e o acesso restrito eram parte da experiência. Como mantê-los entretidos?

David Politanski, um dos fundadores do Sweet Secrets, acredita que a resposta pode estar no Office Hours. O bar passará a ficar aberto de tarde, das 14h às 19h, com um cardápio mais alinhado ao café e pão de queijo. "É zero álcool e zero música alta. Queremos trazer um espaço para reuniões de negócios", diz. A expectativa é que a novidade traga R$ 600 mil em receita adicional com a chegada de 20 novos membros.

Na capital paulista, o "bar secreto" está ficando até que bastante conhecido. Instalada nos subterrâneos do Viaduto do Chá, a Formosa Hi-Fi, criada pelo empreendedor Facundo Guerra (veja vídeo abaixo), oferece um espaço para escutar discos de vinil do começo ao fim — para quem achar o bar, claro. No subsolo do farol Santander, um antigo cofre deu espaço para o... Bar do Cofre, também no formato de speakeasy. Vale ressaltar, porém, que nenhum deles tem o fator da exclusividade do Sweet Secrets, muito menos um valor tão exorbitante para entrar.

Como é o Sweet Secrets?

David Politanski, um dos fundadores do Sweet Secrets, sempre teve uma visão de negócios centrada na experiência. Há mais de 12 anos na área de vendas do Google, onde ainda ocupa o cargo de diretor, ele teve a ideia para o Sweet Secrets durante viagens para Nova York, Singapura, Japão e Inglaterra. "Eu procurava os melhores lugares para comer e beber. Quando voltava ao Brasil, sentia que tinha esse espaço sobrando no mercado", diz Politanski.

A decisão de tirar o projeto do papel veio em 2020, quando ele e seu amigo de longa data, Felipe Lombardi, começaram a planejar o Sweet Secrets. Ambos se conheciam há mais de dez anos, mas foi durante a pandemia, com a flexibilidade de tempo, que finalmente conseguiram colocar a ideia em prática.

O bar, aberto em 2021, fica na região dos Jardins, em São Paulo, e desde o começo atraiu um público formado majoritariamente por executivos. Anos depois, em abril de 2024, a dupla convidou o consultor e investidor Bruno Bertozzi para assumir a cadeira de CEO.

Entrada da Sweet Secrets

Sweet Secrets: bar chama atenção a quadras de distância

Lotado de cores e esculturas de pirulitos doces em volta, a casa chama a atenção mesmo a quadras de distância. A loja de doces na entrada é pequena, e uma atendente te recebe com um sorriso acolhedor, um cartão na mão e um adesivo para tampar a câmera do celular. Tirar fotos é proibido, o que mantém o clima de privacidade.

O cartão recebido abre uma passagem secreta (no corredor, dá até para montar num cavalo de carrossel e entrar em cima dele) e, de repente, todo o colorido vai embora. As luzes estão escuras e o olho demora para se acostumar.

Algumas piscadas depois, a primeira coisa que os olhos enxergam é um bar grande bem no meio do salão. O estilo da casa é bem alinhado aos bares americanos antigos, tudo coberto por uma cor metálica dourada.

Nas noites com música ao vivo, os artistas andam de mesa em mesa (a maioria cobertas por sombras), enquanto cantam. A coquetelaria é feita pelo bartender peruano Aaron Diaz, conhecido como um dos maiores especialistas do ramo. O chef Luis Filipe, com 1 Estrela Michelin, assina o cardápio gastronômico.

O que é o Office Hours?

Lançado nesta terça-feira, 28, o Office Hours é a nova aposta do Sweet Secrets para expandir a proposta de exclusividade para o período da tarde.

A decisão de abrir as portas no horário de "escritório", das 14h às 19h, nasceu de uma demanda dos próprios membros, que sentiam falta de um espaço mais adequado para encontros diurnos.

"Queremos entregar um espaço para reuniões, onde o foco seja em impressionar e fechar o negócio", diz Politanski. Em vez de drinks sofisticados e música alta, o Office Hours se concentrará em um ambiente mais sério e sóbrio, com iluminação adaptada para reuniões e um cardápio totalmente voltado para o café e bebidas sem álcool. "A ideia é criar um lugar em que o café seja o protagonista".

Experiências no Sweet Secrets

Para manter o mistério sempre vivo, o Sweet Secrets tem investido em uma variedade de experiências para agregar valor aos membros:

  • Um deles é o Talks, evento de mini palestras onde figuras de destaque compartilham conhecimentos. Os fundadores do Waze e da North Face, por exemplo, já passaram por lá;
  • Na Sala VIP, uma conversa na qual todos participam. O líder de uma grande empresa 'comanda', mas todos em volta podem falar sobre temas variados, estimulando o networking;
  • Por último, o clube promove encontros como as "Mesas de Conselho", onde pequenos grupos de empresários discutem desafios e encontram soluções para seus negócios, sempre com o auxílio de uma figura de grande relevância no mercado.

O Sweet Secrets também tem investido em experiências fora das paredes secretas. O bar fez parcerias com marcas de renome, como o acesso VIP à World Surf League (WSL).

Há também um interesse em promover conteúdos sobre saúde e bem-estar. Em breve, o investidor e atleta de alta performance Rafael Belmonte vai conduzir uma corrida com 20 membros.

“Esse desejo de pertencimento é o que torna o conceito do clube incrível. Acho que o ser humano tem isso, né? A vontade de querer fazer parte de algo, mesmo sem ter conseguido ainda. Isso é fundamental para o projeto. É importante que as pessoas desejem estar aqui, que queiram ser parte dessa comunidade exclusiva”, afirma Politanski.

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