Suzano emite 750 milhões bônus sustentáveis (Lia Lubambo/Exame)
Da Redação
Publicado em 16 de março de 2018 às 22h10.
São Paulo - As gigantes do setor de celulose, Suzano e Fibria, anunciaram nesta sexta-feira, 16, que vão se casar e, possivelmente, criar a maior produtora de celulose de mercado do mundo. Em notas divulgadas ao longo do dia as agências de classificação de crédito Moody's, Fitch e S&P mostram que não desgostam da fusão, mas que vão ficar de olho na "natureza volátil" do mercado de celulose e, sobretudo, no que vai acontecer com a dívida da Suzano nos próximos meses.
A agência reafirmou a nota de crédito da Suzano Papel e Celulose em Ba1 e manteve sua perspectiva negativa para o rating. Em nota à imprensa, a agência explica que a avaliação segue o anúncio feito nesta sexta-feira, 16, de um acordo entre os controladores da Fibria e da Suzano para a fusão das duas empresas, que “criará o maior produtor de celulose de mercado do mundo”.
Na visão da Moody’s, o rating da Suzano reflete o fato de a companhia ser “beneficiada por um nível elevado de integração vertical com autossuficiência em fibras de madeira e energia”. A agência ressalta em sua justificativa também a proximidade das fábricas da empresa a florestas próprias e portos e a localização das fábricas.
“Além disso, sua diversidade em relação à celulose e papel se traduz em exposição a diferentes dinâmicas de mercado e contribui para fortalecer as margens operacionais mesmo em períodos de menor crescimento na indústria de papel do Brasil”, escreve a agência.
Entre os obstáculos à evolução do rating da Suzano, a Moody’s, elenca a “natureza volátil” da indústria de celulose e a possibilidade de um enfraquecimento da economia brasileira. “A perspectiva negativa reflete o aumento dos níveis de dívida que a Suzano registrará na aquisição e os riscos de execução que envolvem uma combinação de negócios de tal magnitude”, diz o texto.
A S&P Global elevou o rating em escala global da Suzano de BB+ para BBB- e reafirmou a nota em escala nacional em brAAA. A perspectiva foi alterada de positiva para estável. Já o rating em escala global da Fibria foi reafirmado em BBB- e a perspectiva permanece estável. A elevação da nota da Suzano reflete, segundo nota da S&P, a visão da agência de que a empresa está “empenhada em conter sua alavancagem dentro dos limites de sua política financeira”.
Para a S&P, a transação feita pelas duas empresas “não fará com que a Suzano se desvie de seus padrões de alavancagem, dado o histórico da empresa e nossa confiança em termos do nível sustentável de métricas de crédito da Suzano”.
Além disso, a agência acredita que a compra da Fibria fortalecerá a posição de negócios da Suzano, “então achamos que é positivo para o crédito”. No entanto, a S&P pondera que, caso a transação não seja viável, a nota da Suzano permanecerá em BBB- “porque achamos que a empresa poderia equilibrar o sucesso dos investimentos de crescimento significativo e a remuneração dos acionistas, mantendo as métricas de crédito dentro do grau de investimento”.
Em relação à Fibria, a S&P aponta que a nota “segue nossa crença de que a tendência de desempenho operacional e desalavancagem está alinhada com nossas expectativas”. A entidade combinada entre as duas empresas “resultará em uma companhia BBB-, com posição comercial mais forte”.
A Fitch reafirmou o rating de longo prazo e em moeda estrangeira da Suzano em BBB-, com perspectiva estável, e alterou a perspectiva de positiva para estável da nota BBB- da Fibria.
Em comunicado, a agência comenta que as classificações da Suzano e da Fibria foram confirmadas após a Suzano ter anunciado a compra da Fibria em fato relevante."A transação proposta incorpora uma reestruturação societária, o que resultará na titularidade da Suzano de todas as ações de emissão da Fibria. A transação deverá ser fechada nos próximos 12 meses”, comenta a agência.
Para a Fitch, a compra da Fibria pela Suzano “criará o principal produtor mundial de celulose do mercado”. A agência ainda diz que “a excelente posição comercial como um produtor de celulose de mercado de baixo custo e sua capacidade de diluir custos fixos reforçarão ainda mais a capacidade da empresa” na geração de um fluxo de caixa forte durante as baixas de preços cíclicas.
Além disso, a Fitch aponta que “as classificações incorporam um aumento esperado na alavancagem líquida para a empresa combinada para 3,6x” neste ano. A agência projeta que a alavancagem líquida irá cair para 3,1x em 2019 e para 2,5x em 2020. “Melhores preços de celulose, novo volume de vendas da fábrica Horizonte II, uma estrutura de custos mais competitiva e sinergias importantes irão contribuir para a geração de caixa forte e irão dar apoio ao grau de investimento da empresa combinada”, afirma a agência.