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Suzano decide adiar projetos para reduzir dívida

Segundo presidente, companhia também decidiu vender ativos não estratégicos para reduzir sua alavancagem


	Plantação e corte de eucaliptos da Suzano: estimativa é que os ativos não estratégicos da companhia somem cerca de R$ 250 milhões
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Plantação e corte de eucaliptos da Suzano: estimativa é que os ativos não estratégicos da companhia somem cerca de R$ 250 milhões (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2013 às 09h28.

São Paulo - A Suzano Papel e Celulose, segunda maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, que viu seu endividamento subir no quarto trimestre, decidiu vender ativos não estratégicos e adiar projetos para reduzir sua alavancagem, segundo o presidente da empresa, Walter Schalka.

"A companhia vai continuar buscando a venda de ativos. Temos terras e florestas em São Paulo em excesso e também temos imóveis não operacionais que pretendemos vender. É difícil prever uma data, mas o processo se inicia nesse momento", disse Schalka nesta terça-feira, em teleconferência com analistas.

O mercado repercutia positivamente as decisões e a ação da empresa subia 1,2 por cento na Bovespa, enquanto o Ibovespa cedia 0,5 por cento, apesar de a Suzano ter reportado ganho abaixo das expectativas referentes ao quarto trimestre.

O executivo estimou que os ativos não estratégicos somam cerca de 250 milhões de reais, sem considerar o valor estimado de 320 milhões de reais de sua participação no Consórcio Capim Branco Energia (MG). Em dezembro, a empresa anunciou a venda de parte de sua participação de 17,9 por cento no consórcio para a Cemig.

A Suzano também decidiu suspender projetos de celulose no Piauí, cujo início de operação estava previsto para 2016, junto com o plano de investimento em energia renovável, "até que a alavancagem da companhia esteja abaixo de 2,5x dívida líquida/Ebitda e as condições macroeconômicas e de mercado permitam".

A companhia encerrou 2012 com relação dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 5 vezes, ante 4,2 vezes nos três últimos meses de 2011 e 4,7 vezes no trimestre imediatamente anterior.


"A companhia não está confortável com endividamento que tem e está tomando ações para corrigir essa questão. Mas isso só vai acontecer de forma mais profunda após o início do projeto do Maranhão", ressaltou Schalka. A nova fábrica de celulose no local deve iniciar suas operações no quarto trimestre deste ano.

"A partir do início do projeto, o Ebitda da companhia acontece de forma relevante e a redução do endividamento, também." Schalka afirmou que parte da produção está contratada. "Parte importante já está contratada e tem volume de vendas assegurado para 2014", disse.

Cenário de celulose e papel

A Suzano também deve adotar uma postura mais conservadora em sua oferta de celulose, de forma a não prejudicar os preços o insumo, disse o executivo.

"A cultura da Suzano será de ser rigorosa na disciplina de implantação de preços e se for necessário, trabalhar na limitação da oferta. É uma decisão dinâmica que daremos na oferta de celulose", disse Schalka.

A companhia informou no mês passado um aumento de 20 dólares na tonelada do insumo, a partir de março, para todos os mercados, e ainda vê espaço para novas elevações no curto e médio prazos.


Segundo o diretor da unidade de negócios de celulose da empresa, Alexandre Yambanis, as paradas para manutenção em fábricas de todo o mundo e a expectativa de que a China acelere o fechamento de fábricas altamente poluidoras compensam o possível aumento na capacidade com a entrada de novas fábricas.

"Isso nos dá quadro confortável de oferta e demanda. Nosso viés é positivo e a gente acha que tem espaço para novos aumentos de preços no curto e médio prazo", afirmou.

Para o segmento de papel, o executivo ressaltou que há muito valor para extrair e que a Suzano não tem interesse em desinvestir no negócio. Ao mesmo tempo, Schalka explicou que há certa dificuldade em implementar aumentos nos preços de papel revestido e não revestido.

"Estamos praticando aumento no papel cartão. No revestido e não revestido estamos tentando praticar aumento, com nível de dificuldade devido à oferta", disse o executivo a jornalistas.

A Suzano informou nesta terça-feira que teve queda de 84 por cento no lucro líquido do quarto trimestre na comparação anual, para 34 milhões de reais, abaixo do esperado por analistas consultados pela Reuters, de lucro de 74 milhões de reais.

Apesar disso, a empresa estimou um investimento total em 2013 de 3 bilhões de reais, após 2,78 bilhões em 2012. Desse total, a Suzano afirmou que vai investir 2,3 bilhões de reais no projeto de produção de celulose no Maranhão.

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