Torcedor do Brasil segura boneco do mascote fuleco durante partida no estádio de Brasília (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2014 às 08h42.
São Paulo - Na abertura da Copa do Mundo, houve Jennifer Lopez, Claudia Leitte e até Pitbull, mas o tatu-bola Fuleco, o mascote do evento, não subiu ao palco.
Para uma das fabricantes do boneco e para redes de varejo, o Fuleco tomou "chá de sumiço" após o início do Mundial, o que reduziu o interesse das crianças e também as vendas do produto.
A pedido da Fifa, o mascote foi licenciado a empresas como Grow, Elka e BBR Brinquedos, em diferentes versões, pela Globo Marcas. A Grow apostou fortemente no produto: produziu 600 mil unidades, das quais 550 mil já tinham sido distribuídas no início da Copa do Mundo.
A fabricante avalia, porém, que a exposição do produto na mídia diminuiu no momento em que deveria ir às alturas. A gente esperava um papel de destaque, uma presença mais constante. Teria ajudado muito as vendas, diz Gustavo Arruda, gerente de marketing da Grow.
Desde o início da Copa, os pedidos do varejo têm sido discretos. Sem especificar quantidades, o executivo diz que a Grow conseguiu, nos últimos 20 dias, diminuir um pouco o estoque de 50 mil unidades.
Entre as varejistas, a avaliação também é de que o resultado poderia ser melhor. Loja de brinquedos do centro de comércio popular da Rua 25 de Março, em São Paulo, a Armarinhos Fernando diz que a rede tem estoque suficiente para a demanda pelo mascote até o fim do Mundial, no próximo dia 13.
Não pretendemos fazer novos pedidos. E olha que a gente está falando do mascote da Copa, diz Ondamar Ferreira, gerente geral da Armarinhos Fernando.
Ele diz que a demanda por outros itens relacionados ao evento - como bolas, camisas e vuvuzelas - está bem mais forte. Depois da primeira fase, tive de refazer as encomendas desses produtos.
Preço
As versões mais caras dos bonecos são mais problemáticas de passar adiante, segundo os lojistas. Tanto é assim que, na própria loja oficial da Fifa, o Fuleco de 30 centímetros já aparece em oferta, a R$ 79,90, desconto de quase 40% em relação ao preço original. A loja oficial do evento também está fazendo uma promoção "leve três, pague dois" do boneco. Procurada, a Fifa não forneceu números de vendas, mas disse que o Fuleco é um dos "itens mais procurados" da loja.
Na Armarinhos Fernando, o produto também já começou a baixar de preço. Uma versão que originalmente custava R$ 149 está agora saindo a R$ 116.
Para Marcelo Mouawad, diretor comercial da Semaan, que vende brinquedos no atacado a lojas de pequeno porte, o preço original do boneco era salgado. A empresa comprou cerca de 5 mil unidades do mascote. Não tivemos problemas com as versões mais baratas, mas o cliente não quer investir tanto em um produto sazonal. Os Fulecos de até R$ 30 tiveram muita procura, diz Mouawad. O mascote é simpático. Com mais exposição, poderia fazer o mesmo sucesso da Copa.
Exposição
Para o especialista em marketing promocional Marcelo Lenhard, presidente da agência Heads, o Fuleco está aparecendo pouco porque "não pegou". "Eles abandonaram o tatu. Podiam ter tentado mais, pois marketing é assim: música ruim, repetida 20 vezes no rádio, acaba ficando boa."
Em resposta à reportagem, a Fifa afirmou que o mascote está tendo exposição durante a Copa, aparecendo nos jogos e também em parte das festas de rua oficiais do mundial.
Reportagens publicadas na imprensa nas últimas semanas apontaram a falta de acordo entre a Fifa e a Associação Caatinga, que desenvolve um projeto de proteção ao tatu-bola, animal ameaçado de extinção, como uma possível razão para o suposto "sumiço" do Fuleco.
Segundo Rodrigo Castro, líder da associação, a Fifa ofereceu R$ 300 mil para apoiar o projeto de proteção ao animal, que começou em 2013 e terá dez anos de duração. A associação considerou o valor baixo, dado o poder econômico do evento.
Em comunicado, a Fifa afirmou que tem associado a imagem do Fuleco a temas como reciclagem e mudanças climáticas. Lembrou que uma patrocinadora do evento, a Continental, fez doação à Associação Caatinga. O valor foi de R$ 100 mil e o acordo foi feito sem intermédio da Fifa, afirma Castro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.